Margem equatorial: conheça a reserva de petróleo que promete ser novo pré-sal brasileiro

Região que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, incluindo o Ceará, está na mira da Petrobras e de empresas estrangeiras por potencial de produzir até 7,5 bilhões de barris de petróleo

17:00 | Dez. 11, 2022

Por: Adriano Queiroz
Petrobras realiza estudos de exploração na área (foto: Andre Ribeiro / Banco de Imagens Petrobras)

Pouco mais de 16 anos após a descoberta do chamado “Pré-Sal”, um conjunto de gigantescas reservas de petróleo em regiões de águas profundas no litoral do Sudeste, a nova aposta da Petrobras e de companhias petrolíferas estrangeiras é a chamada Margem Equatorial, com potencial para alavancar as economias do Norte e do Nordeste nas próximas décadas.

Se você nunca ouviu falar dessa área, uma primeira informação para se ter uma dimensão da importância dela é o fato da Petrobras ter previsto usar metade dos recursos totais em exploração da companhia na Margem Equatorial, em seu Plano Estratégico 2023-2027, e que essa estimativa já havia dobrado no espaço de apenas um ano. Para ajudar o leitor a entender mais sobre o “Novo Pré-Sal” , O POVO separou uma lIsta de perguntas e respostas quanto ao tema. Confira!

O que é a Margem Equatorial?

A Margem Equatorial é considerada uma área altamente favorável à prospecção de petróleo e gás devido às suas semelhanças geológicas com as bacias da Guiana e do Suriname e com a costa oeste da África, onde esses compostos minerais de origem orgânica vêm sendo encontrados e explorados desde 2007.

Quando ela se formou?

A formação dessas jazidas (entre 100 e 165 milhões de anos atrás), no período Cretáceo, América do Sul e África estavam se separando, como parte do desmembramento do super-continente Pangeia, iniciado há 250 milhões de anos. Vale lembrar que o petróleo e outros hidrocarbonetos são o resultado de reações físico-químicas ocorridas ao longo de milhões de anos com a decomposição de organismos marinhos.

Onde ela fica e como se divide?

A Margem Equatorial brasileira se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte, incluindo estados como o próprio Ceará, Pará, Maranhão e Piauí. Ela está dividida em cinco bacias: Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.

Quanto a Petrobras pretende investir nela?

A Petrobras anunciou em seu Plano Estratégico para o período 2023-2027 que vai investir US$ 3 bilhões (R$ 15,7 bilhões) em exploração na Margem Equatorial. Isso representa 50% do total de US$ 6 bilhões previstos (R$ 31,4 bilhões) para serem destinados a explorações em todo o Brasil e é o dobro do estimado no início deste ano, que ficava em torno de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,8 bilhões).

Porque ela está sendo chamada de novo Pré-Sal?

Pelo volume total estimado de até 30 milhões de barris, comparável aos 40 milhões de barris das jazidas das baciais (Campos e Santos) que compõem a região do Pré-Sal e pelo potencial econômico. As características geológicas e mesmo de desafios exploratórios, contudo, são distintos. Como o nome sugere, o petróleo do Pré-Sal fica abaixo de uma camada profunda de rocha salina em águas extremamente profundas, o que não ocorre no caso da Margem Equatorial.

Quais são os riscos ambientais de se explorar a Margem Equatorial?

O grande temor apontado por organizações não-governamentais que atuam, principalmente, na bacia da Foz do Amazonas é de que eventuais vazamentos de petróleo ameacem o ecossistema local, notadamente o recém-descoberto sistema de corais na região. Contudo, estudos mais recentes apontaram que dada a localização das potenciais reservas haveria dispersão do material vazado para a fossa amazônica, região mais profunda do oceano e relativamente baixa biodiversidade.

Não seria melhor investir em energias limpas?

Especialistas lembram que apesar de fontes renováveis tais como a eólica, produzirem menor impacto ambiental, não há nenhuma forma de produção de energia 100% limpa e que as grandes companhias petrolíferas projetam zerar suas emissões de carbono até 2050. Além disso, lembram que durante o processo de transição para matrizes energéticas mais limpas, o petróleo seguirá sendo necessário do ponto de vista socioeconômico, ainda mais em regiões como o Norte e o Nordeste do Brasil.

Já houve alguma perfuração? Quantos poços devem ser perfurados inicialmente?

O primeiro poço a ser perfurado fica no bloco FZA-M-59 (prospecto Morpho), na bacia da Foz do Amazonas, a aproximadamente 2.880 metros de profundidade e a cerca de 175 km da costa do estado do Amapá. O atual plano de negócios da Petrobras prevê a perfuração de 16 poços, incluindo a reativação de um projeto antigo na bacia Potiguar (no Rio Grande do Norte). A bacia considerada mais promissora por estudiosos, no entanto, é a de Barreirinhas, que inclui partes dos litorais do Maranhão e do Ceará, bem como o do Piauí.

Quantos blocos exploratórios estão contratados e quantos serão leiloados na Margem Equatorial?

Atualmente, 41 blocos exploratórios estão contratados na margem equatorial, dos quais 17 são operados pela Petrobras, 11 pela Shell, 3 pela Chariot, 3 pela Murphy e 2 pela PRIO (PetroRio). Outros 83 devem ser leiloados no próximo dia 16 de dezembro, sendo 13 na Bacia do Ceará. Há no total, 289 áreas disponíveis, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Quantos barris de petróleo efetivamente devem ser explorados?

Ao que tudo indica, há a possibilidade de produzir de 5 a 7,5 bilhões de barris de petróleo de um volume inicial 20 a 30 bilhões de barris. No jargão técnico, os barris efetivamente exploráveis, são chamados de recuperáveis, o que significa que a Margem Equatorial tem uma taxa de recuperação estimada em 25%.

Qual o impacto econômico potencial para os estados que compõem a Margem Equatorial?

Para efeitos de comparação, os estados que margeiam grandes campos do Pré-Sal recebem volumosas receitas de Participações Governamentais (PG), incluindo-se os royalties. Somente os municípios de Macaé e Maricá, situados no Rio de Janeiro, por exemplo, recebem mais receitas desse tipo que todo o estado do Maranhão.

(Com informações USP/Câmara dos Deputados/UFMA/ESG/ZAG Consultoria/BN Americas/Monitor Mercantil)

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