Manifestantes ateiam fogo em três trechos da BR-116 no Ceará após eleição de Lula

Ações ocorreram em trechos da BR-116, em Pacajus, Fortaleza e Brejo Santo, sendo dispersadas por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF)

21:51 | Out. 31, 2022

Por: Gabriela Almeida
Manifestantes atearam fogo na BR-116, em Fortaleza (foto: Reprodução | PRF)

Manifestantes atearam fogo em três vias do Ceará, entre a noite dessa segunda-feira, 31, e a madrugada desta terça-feira, 1º. O grupo declaram ter razões políticas. No início desta manhã, não há registro de interdições nas rodovias federais que cortam o Estado.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), as ações ocorreram na BR-116, em Pacajus; na BR-116, em Fortaleza e na BR-116, em Brejo Santo. Órgão estima que mais de 200 manifestações ou bloqueios desse porte foram registrados no Brasil após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidência.

Segundo PRF, a primeira manifestação foi registrada no quilômetro 44 da BR-116, em Pacajus, por volta das 17h50min de hoje. Na ocasião, manifestantes atearam fogo sobre a pista, com o intuito de bloquear a rodovia. Agentes que estavam próximos ao local perceberam o ato e atuaram para dispersar populares, informando que ação era criminosa. Não houve resistência.

Órgão informou que demanda do grupo era "política", seguindo a linha de todas as outras que estão acontecendo pelo País desde que o presidente Jair Bolsonaro, que tentava uma reeleição, foi derrotado nas urnas, na noite desse domingo, 30. Manifestação teria durado pouco menos de uma hora.

Já a segunda tentativa de interdição ocorreu na BR-116, em Fortaleza, poucas horas depois da primeira ter acontecido. Conforme PRF, manifestantes atearam fogo em pneus e tentaram bloquear a via, mas agentes dispersaram a movimentação e ato durou apenas "alguns minutos".

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) ao O POVO, equipes foram acionadas para debelar o fogo por volta das 19h44min. Não houve registro de feridos e a segurança da via foi realizada pela Polícia Militar do Ceará (PMCE).

Logo em seguida, por volta das 21 horas, outro ponto da BR-116, em Fortaleza, foi bloqueado por questões políticas. Até às 22h34min, conforme apurado pelo O POVO, equipes da PRF ainda tentavam dispersar manifestantes, informando sobre as decisões judiciais para a remoção do bloqueio.

À 1h25min desta terça-feira, 1º, a PRF registrou uma nova interdição, agora no quilômetro 505 da BR-116, em Brejo Santo. O bloqueio foi finalizado às 6h30min. 

De acordo com PRF, em todos os casos os manifestantes chegaram a pé, de motocicletas ou em carros, não sendo confirmado a presença de caminhoneiros nos atos. Órgão também destacou que nenhum dos manifestantes foi preso.

Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver pessoas aglomeradas no trecho da BR, atrapalhando o trânsito. "Povo brasileiro é mais forte, acaba de fechar aqui a BR-116. Vamos fazer uma manifestação e parar o Ceará e o mundo, parar tudo logo. Todo mundo mais forte, os patriotas", chega a dizer um dos manifestantes em gravação.

Manifestações passam de 200 em todo País 

Conforme Policia Rodoviária, equipes estão monitorando os trechos das rodovias no Estado para evitar que ações como essa se repitam. No entanto, órgão frisou que a principal ferramenta para coibir ações desse porte é a denúncia, reforçando que população pode fazer ato por meio do telefone 190.

O último relatório divulgado pela instituição, na tarde de hoje, trazia a informação de que 211 pontos de interdições, bloqueios ou manifestações em rodovias do País foram identificados desde a noite de ontem.  Com essas duas identificadas no Ceará, número sobe para 213.

As ocorrências foram registradas em pelo menos 17 estados, sendo eles: Alagoas, Amazonas, Acre, Ceará, Rio Grande do Norte, Roraima, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Paraná.

Conforme órgão, Santa Catarina é a Unidade Federativa que mais registra bloqueios com 37. Já Mato Grosso do Sul aparece com o maior índice de interdições, com 22. Em ambos os estados Bolsonaro tem um amplo índice de apoio.

Boa parte dessas ações tem sido realizadas por caminhoneiros, que chegaram a incentivar uma paralisação da categoria. Em imagens que circulam pelas redes sociais, é possível ver manifestantes com camisetas amarelas, bandeiras do Brasil e cartazes com o rosto do presidente. Alguns chegaram a pedir por intervenção militar, frente ao resultado eleitoral.

Na noite de hoje, a Justiça Federal nos estados de Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro determinou a proibição de bloqueios em rodovias federais e a desobstrução imediata das vias. Conforme informações da Folha de S.Paulo, quem desobedecer determinação fica sob pena de pagar multa. 

Órgãos de Transporte se manifestam contrários a ações

Em nota à imprensa, divulgada hoje, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) informou que "se posiciona contrariamente a esse tipo de intervenção". Órgão frisou que "respeita o direito de manifestação de todo cidadão", mas que ele não deve afetar o direito de ir e vir das pessoas.

"Além de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de pessoas, inclusive enfermas, além de dificultar o acesso do transporte de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis", pontuou.

Nesse sentido, a CNT tem convicção de que as autoridades garantirão a circulação de pessoas e de bens por todo o País com segurança, entendendo que qualquer tipo de bloqueio não contribui para as atividades do setor transportador e, consequentemente, para o desenvolvimento do Brasil", destacou ainda.

Posicionamento foi o mesmo adotado pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística - NTC&Logística, que emitiu uma nota hoje informando "que não apoia o movimento de caminhoneiros autônomos de paralisação e bloqueio de rodovias em diversos estados do País".

"Sendo entidade de representação empresarial manifesta-se veementemente contra movimento grevista, de natureza política, que fere o direito de ir e vir de todos os cidadãos, criando obstáculos à circulação de veículos que prestam serviços essenciais ao abastecimento da população, em especial de gêneros de primeira necessidade, como medicamentos e alimentos", destacou órgão.

Empresa também assegurou "que todas as unidades representadas pela NTC&Logística seguem exercendo sua atividade normalmente", completando: "Espera-se que prevaleça o bom senso e o interesse maior de todo o povo brasileiro e de todos os agentes econômicos e produtivos, a imediata da normalidade das atividades econômicas, a livre circulação de pessoas e bens fundamental ao desenvolvimento do País".

Confira imagens das manifestações pelo Brasil:

 


Atualizada às 7 horas de terça-feira, 1º