79% das famílias brasileiras estão endividadas

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor aponta que carnês e cartões de lojas são os mais usados. Homens com renda menor buscaram mais a contratação de dívidas diretamente com o varejo

11:26 | Set. 06, 2022

Por: Paloma Vargas
Cartões de crédito estão perdendo espaço para carnês e cartões de lojas (foto: Bárbara Moira)

O número de famílias endividadas cresceu no mês de agosto. O percentual atingiu 79% do total de lares no País, que relataram dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa).

Os dados são da pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Comparado ao mês de julho, houve um crescimento de 1 ponto percentual (p.p). Se a comparação for feita levando em consideração os últimos 12 meses, a proporção de endividados apontou alta de 6,1 p.p.

Divididos por sexo, os dados apontam que os homens se endividaram mais, no último mês, do que as mulheres.

Se comparado a julho, o aumento masculino foi de 1 p.p., enquanto o feminino foi de 0.5 p.p. Porém, no intervalo de um ano, foram as mulheres quem mais contraíram dívidas, saltando de 74,1% para 81,9%.

A pesquisa ainda realiza um corte de estudo em duas faixas de renda – até 10 salários mínimos (SM) e mais de 10 SM de rendimento mensal.

Em ambas houve aceleração do endividamento no mês de agosto, de forma muito semelhante, se comparado ao mês anterior. Famílias com menor renda tiveram alta de contração de dívida de 1,1 p.p., enquanto o outro grupo a alta ficou em 0,9 pontos percentuais.

Mesmo com a melhora do mercado de trabalho pós-pandemia da covid-19, e as políticas de transferência de renda, as famílias com menor rendimento mensal têm sido atingidas pela inflação que ainda está elevada.

Carnês de loja subindo e cartões de crédito descendo

A procura pelo crédito direto no varejo pelas famílias de menor renda explica a alta do indicador desde maio deste ano. O volume de endividados nos carnês e cartões de lojas do varejo alcançou 19,4% em agosto, aumento de 0,5 p.p. ante julho e 1,2 p.p. na comparação com agosto de 2021.

No ano, o endividamento direto no varejo aumentou 0,7 p.p., entre as famílias com até 10 salários de rendimento mensal, e 3 p.p. entre as famílias consideradas mais ricas.

Diferente de outros períodos, o público masculino é o que está mais endividado nos carnês, com 19,5%, enquanto o feminino atingiu 18,8%. A proporção de homens que contrataram crédito direto no varejo cresceu 2,3 p.p. em um ano, ao passo que caiu 1,1 p.p. entre as mulheres.

Enquanto a busca pelo uso de carnês e cartões de lojas cresce, o endividamento do mesmo público no cartão de crédito diminuiu (-3,2% p.p.).

Isso, por que, as famílias afirmam estar buscando alternativas de crédito mais baratos, já que o cartão de crédito foi o tipo de dívida com a segunda maior alta dos juros médios em um ano. Até junho apresentava a alta de 17 p.p., segundo dados do Banco Central.

Inadimplência cresce pelo segundo mês consecutivo

Em agosto o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de contas de consumo e/ou dívidas, atingiu 29,6% do total de famílias no País.

A segunda alta do indicador é observada após moderação entre abril e junho, como efeito das medidas de injeção de rendas extras (FGTS e antecipação do 13º do INSS).

O aumento de famílias que afirmaram ter contas atrasadas ocorreu nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda que os números se apresentaram mais expressivos.

Do total de inadimplentes, 10,8% afirmaram que não terão condições de pagar contas e/ou dívidas já atrasadas, permanecendo na inadimplência.

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