PetroReconcavo passa a fornecer gás natural no Ceará

A PetroReconcavo, produtora independente de óleo e gás onshore, iniciou nesta semana o fornecimento de gás natural no Ceará. O contrato firmado com a Companhia de Gás do Ceará (Cegás), distribuidora de gás canalizado no Estado, terá duração de um ano e envolve o suprimento de 30 mil m³/dia do produto.

A medida faz parte da estratégia da distribuidora cearense de reduzir a dependência do fornecimento da Petrobras. Desde o fim do ano passado, a Cegás tenta evitar na Justiça mudança no contrato que levaria a um reajuste superior a 40% no preço do gás natural vendido pela petroleira à distribuidora estadual.

No caso da PetroReconcavo, o acordo prevê a possibilidade de fornecimento de volumes adicionais, caso haja o interesse entre as partes, além da disponibilidade das infraestruturas necessárias ao processamento e o transporte do gás natural até os pontos de entrega.

“O contrato firmado com a distribuidora representa a diversificação da base de clientes, além da ampliação das alternativas para escoamento da produção de gás da companhia para além dos volumes firmes já contratados”, afirmou o diretor-financeiro da PetroReconcavo, Rafael da Cunha.

Além dela, desde 1º de junho, está em operação também um contrato com a Galp para fornecimento de 50 m3 de gás natural para o Estado até 2028.

O presidente da Cegás, Hugo Figueiredo, explica que essa diversificação de supridores é uma iniciativa que a empresa vem adotando por meio de chamadas públicas desde 2020, mas que foi intensificada a partir da disputa judicial com a Petrobras.

“Com a Galp, nós já tínhamos um contrato pequeno e flexível, mas agora assinamos um volume maior de fornecimento e de prazo maior. Como ainda estamos em processo de negociação com a Petrobras e tem a ação na Justiça, não posso entrar em detalhes, mas o que posso dizer é que o preço que negociamos tanto com a Galp, como com a PetroReconcavo foram mais competitivos", afirmou.

Ele reforça que a apesar da chamada pública ter sido encerrada, a Cegás segue de olho em novos fornecedores. "Estamos abertos a receber novas ofertas. A lei estadual permite que a gente contrate sem ter a chamada pública, justamente, para poder aproveitar as oportunidade de mercado que possam aparecer".

Até o ano passado, a Petrobras respondia por 85% do gás natural comprado pela Cegás. Os outros 15% vinha da produção de biometano. Com os novos contratos, a participação da estatal brasileira cai para 70%.

Impasse Cegás e Petrobras

O impasse da discussão entre Cegás e Petrobras estão nos termos da renovação de contrato. Até 2021, o preço do gás natural estava indexado a 12% do preço do barril do petróleo do tipo Brent. Porém, para esse ano, a estatal previu um aumento desse percentual para 16,75%. Além disso, o preço do petróleo no mercado internacional está em disparada.  

Em dezembro do ano passado, a Cegás conseguiu uma liminar do Tribunal de Justiça do Estado prorrogando o contrato de fornecimento de gás natural com a Petrobras por seis meses. A liminar foi derrubada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em março, e desde então as partes vêm negociando a renovação do contrato.