Sem repasse de verba, transporte público no Ceará pode ficar "inviável", diz Sindiônibus

Alta de custos operacionais e prejuízos acumulados da pandemia colocam em risco oferta do transporte público no Ceará; entenda

Diante da alta acumulada no diesel e de prejuízos gerados pela pandemia de Covid-19 e escalada de preços nos custos, a oferta de transporte público no Ceará vive um cenário de crise com risco à manutenção do serviço. 

As informações foram reveladas com exclusividade ao Grupo de Comunicação O POVO por Dimas Barreira, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) em entrevista à rádio O POVO CBN na manhã desta sexta-feira, 15 de julho.

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Conforme Dimas, o setor opera no negativo há meses em decorrência da conjuntura econômica desfavorável para grandes consumidores de combustíveis. Para compensar a alta nos gostos operacionais, o presidente do Sindiônibus pontua que seriam necessários reajustes significativos nas tarifas. 

A recente redução no preço do diesel não é suficiente para reverter o cenário de operações com saldo negativo acumulado no último ano. No transporte metropolitano, Dimas anunciou também nesta sexta-feira, 15, alta de 12% nas tarifas. Impacto é de aumento de até R$ 1,80 no preço final da passagem.

Repasse de verbas federais pode aliviar tensão

Um alento para o setor será o repasse previsto pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prevê a criação de diversos benefícios sociais e o repasse de verbas da União para manutenção da gratuidade de idosos no transporte público. 

"Estamos no limite para conseguir manter o serviço. Além dos custos extremamente elevados, temos uma série de políticas socais importante de gratuidade como o caso dos idosos, das integrações ilimitadas, dos estudantes, mas nenhuma conta com uma fonte de custeio", pontua Dimas. 

A PEC prevê o repasse de R$ 2,5 bilhões para estados e municípios. De acordo com o presidente do Sindiônibus o esperado é que o Ceará receba cerca de R$ 15 milhões para aplicação no transporte intermunicipal enquanto Fortaleza terá aporte de R$ 38 milhões. 

A verba representa um alívio, conforme Dimas, mas não será capaz de reverter o cenário de alerta no setor e tão pouco será capaz de solucionar o problema de forma definitiva.

Ainda assim, a expectativa é de que o valor consiga tornar "sustentável" a operação das empresas até o fim do ano, o depois, porém, é incerto já que o repasse federal tem validade apenas até dezembro deste ano.

"Os municípios terão que realinhar suas contas e orçamentos e ingressar com novos aportes e a União não pode ficar de fora dessa questão", pontua Dimas.

Como não há uma exigência de cadastramento para gratuidade de idosos acima de 65 anos, o custo total da gratuidade para esse público é incerto, mas Dimas estima ser de cerca de 10% do custo operacional das empresas. 

"Temos pessoas muito pobres pagando passagens com preços elevados para custear essa gratuidade, para entendermos como é um sistema de cálculo muito perverso", complementa ao reiterar a necessidade de aportes federais para equilibrar a questão. 

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