Todos os 9 grupos do IPCA tiveram alta de preços em junho, afirma IBGE
Todos os nove grupos que integram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registraram altas de preços em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As famílias gastaram mais com Alimentação e bebidas (0,80%), Saúde e cuidados pessoais (1,24%, impacto de 0,15 ponto porcentual), Artigos de residência (0,55%), Vestuário (1,67%, impacto de 0,07 ponto porcentual), Transportes (0,57%), Despesas pessoais (0,49%), Educação (0,09%), Habitação (0,41%) e Comunicação (0,16%).
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Em Saúde e cuidados pessoais, o destaque foi o aumento de 2,99% no plano de saúde, item de maior impacto individual no IPCA do mês, 0,10 ponto porcentual.
"O resultado é consequência do reajuste de até 15,50% para os planos individuais autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 26 de maio, com vigência a partir de maio de 2022 e cujo ciclo se encerra em abril de 2023. Nesse sentido, foram apropriadas no IPCA de junho as frações mensais referentes aos meses de maio e junho", justificou o IBGE.
Também houve aumentos nos preços dos produtos farmacêuticos (0,61%) e dos itens de higiene pessoal (0,55%).
No grupo Vestuário, todos os itens ficaram mais caros. A alta foi puxada pelas roupas masculinas (2,19%) e femininas (2,00%), mas também houve pressão de roupas infantis (1,49%) e calçados e acessórios (1,21%).
Todas as regiões investigadas pelo IBGE registraram alta de preços em junho. O resultado mais acentuado foi observado na região metropolitana de Salvador, 1,24%, enquanto o mais brando ocorreu em Belém, 0,26%.
Redução do ICMS
Os decretos que reduzem a alíquota do ICMS incidente sobre combustíveis e energia elétrica já começaram a se refletir na inflação oficial no País em junho, mas o impacto deve ser maior em julho, segundo o gerente do Sistema de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pedro Kislanov.
Em junho, o IPCA apurou quedas nos preços da gasolina (-0,72%), etanol (-6,41%) e energia elétrica (-1,07%). Juntos os três itens ajudaram a conter a inflação em 0,15 ponto porcentual.
Segundo Kislanov, a queda nos preços dos combustíveis provavelmente reflete a redução de ICMS em São Paulo e Goiás. "Isso impactou tanto os preços dos combustíveis como os de energia elétrica, por exemplo", disse o pesquisador do IBGE. "Isso ocorreu só no final de junho, então pegou só alguns dias", ponderou.
O período de referência do IPCA de 0,67% de junho se encerrou no dia 29 do mês. "A gente já tem uma série de Estados que publicaram decretos reduzindo valor do ICMS. A partir de julho já começa a valer", acrescentou.
Kislanov ressalta que ainda não é possível prever a magnitude do impacto da redução do ICMS sobre a inflação uma vez que os itens pesquisados podem sofrer influência de outros componentes.
"Esse é um dos fatores, deve afetar bastante, provavelmente", previu. "Provavelmente vai afetar a energia elétrica. Deve afetar também a parte de combustíveis. Vamos aguardar para ver como vai ser esse comportamento", recomendou.
No caso da tarifa de energia elétrica, além do ICMS, ainda há incidência de PIS/Cofins, contribuição para iluminação pública, reajuste de tarifas por concessionárias e incidência de bandeira tarifária. Quanto aos combustíveis, os preços são coletados diretamente nas bombas, com impacto também de eventuais reajustes nas refinarias.
"É muito provável que isso aconteça (impacto da redução do ICMS)", disse Kislanov. "A gente já tem observado no dia-a-dia a redução no preço da bomba por causa da redução da alíquota", lembrou.
Difusão
O índice de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 72% em maio para 67% em junho, segundo o IBGE. A difusão de itens alimentícios passou de 65% em maio para 62% em junho. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 78% em maio para 70% em junho.