Queda do ICMS não impacta e Ceará vive crise nos ônibus, diz sindicato

Sem alta na tarifa ou aporte público, a continuidade da oferta do transporte público no Estado entra em um cenário "preocupante", alerta presidente do Sindiônibus

A redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Ceará não terá impactos significativos para a operação do transporte público no Estado e as tarifas não irão reduzir no Estado.

Em entrevista exclusiva ao O POVO, Dimas Barreira, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) pontua que a queda nos preços dos combustíveis em decorrência do teto da alíquota do ICMS não reverte a alta acumulada do diesel e mantém um cenário de alerta sobre a continuidade da prestação do serviço no Estado.

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"Está praticamente impossível administrar uma empresa que depende dos combustíveis, como é o nosso caso com o diesel. Só do começo do ano para cá tivemos uma alta de mais de R$ 2", relata Dimas.

O empresário pontua ainda que a redução no preço do diesel não deve ser tão significativa para as compras feitas por grandes empresas e destaca que o setor já opera com uma alíquota diferenciada de ICMS na casa dos 8,5%.

"Não é esperado nenhum impacto dessas medidas que nos possibilite implementar uma redução na tarifa", reitera o presidente do Sindiônibus.

Dimas destaca ainda que desde o começo do ano o setor opera com prejuízos. Os gastos mensais chegam a ser 50% maiores do que o montante arrecadado, dos quais 30% correspondem a despesas com combustível.

"No caso do serviço na área metropolitana chegamos até a ter 70% de perda, é um contexto ainda mais dramático", pontua.

Ele reitera que há uma "grande preocupação" sobre a viabilidade da continuidade do serviço no Estado nos moldes atuais.

"A gente vem vivendo momentos dramáticos, ameaças do serviço, operando com caixa negativo. Para termos um mínimo de alívio precisaríamos de uma redução de mais de R$ 2 no custo da operação na área urbana e de mais de R$ 3 na região metropolitana, mas a redução no diesel não chega nem perto disso", destaca.

Redução do diesel não terá impacto prático para transporte público no Estado e não alivia prejuízos em decorrência da alta acumulada de preços
Redução do diesel não terá impacto prático para transporte público no Estado e não alivia prejuízos em decorrência da alta acumulada de preços (Foto: thais mesquita)

Reajustes defasados

O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, reitera ainda que os reajuste anuais das tarifas não conseguem acompanhar a escalada de preços nos combustíveis. A pandemia de Covid-19 e a ausência de reajuste em 2020 e 2021 aumentam a defasagem nas tarifas em vigor no Estado.

"Trabalhamos com preços regulados para um serviço que apresenta uma oscilação, ou melhor, um aumento frequente de preços de seu insumo básico, nosso cenário é ainda mais complicado, nossos preços são congelados e temos que arcar com qualquer aumento até a próxima revisão anual", reitera Dimas.

O gestor destaca que se a defasagem de gastos e a não compensação nos reajustes não cobrirem os gastos, a oferta do serviço se tornará "inviável".

Em parceria com as gestões estadual e municipais, o Sindiônibus está articulando uma revisão extraordinária de tarifa para área metropolitana da Capital, Fortaleza, para tentar minimizar as perdas diante da alta acumulada nos custos para o setor.

Funcionamento do transporte público no Ceará opera com prejuízos e afirma necessidade de aumento na tarifa
Funcionamento do transporte público no Ceará opera com prejuízos e afirma necessidade de aumento na tarifa (Foto: thais mesquita)

"Não somos nós quem calcula os reajustes, não podemos ter esse debate sem a Prefeitura de Fortaleza ou o Governo do Estado, mas nós temos nossos questionamentos sobre esse cálculo, ainda em janeiro a base de estudos da prefeitura estimou uma tarifa de R$ 4,50, mas chegamos apenas aos R$ 3,90 e de lá pra cá o diesel subiu acima da casa dos R$ 2 o litro", detalha Dimas.

O empresário argumenta que caso o poder público não entre com um novo aporte de subsídios, um aumento significativo precisará ser feito na tarifa para garantir a continuidade do serviço caso os combustíveis não tenham uma redução capaz de reverter a alta acumulada.

"Estamos acompanhando os detalhes da implementação dessas reduções, mas estamos com uma preocupação grande, especialmente depois que tivemos o anúncio de uma empresa de transporte encerrando as atividades no Estado. Por hora nós estamos reorganizando o nosso Caixa e retirando verbas de outras empresas associadas para garantir o funcionamento da frota, mas há um limite para o que nós podemos fazer", explica.

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