Frutas e hortaliças aumentarão em média 20% depois de alta na conta de luz no Ceará, diz Federação

Alta na tarifa da Enel tem efeito agravado para setor do agronegócio em decorrência do alto consumo de energia para irrigação das lavouras, segundo a Faec

Com a alta na conta de luz no Ceará, os produtores de frutas e hortaliças do Estado estimam necessidade de acréscimo de 20% no valor dos produtos para acompanhar o reajuste. A informação foi repassada com exclusividade ao O POVO pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), Amilcar Silveira. 

“O aumento médio foi de 24,85%, mas, para o agronegócio cearense, na prática, o aumento vai ser maior, para gente, vai ser de 32% e nós não conseguimos compreender os motivos disso. Estamos sofrendo há bastante tempo com a má prestação do serviço, é gritante a insatisfação dos 395 mil negócios que representamos", afirma Amilcar.

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O empresário e líder sindical defende que o setor produtivo não suporta uma elevação desta magnitude, especialmente diante da alta significativa no consumo de energia pelos produtores durante o segundo semestre do ano devido ao uso do método de irrigação.

“Estamos realmente indignados, o aumento pode até ser legal, do ponto de vista jurídico e da legislação, mas é imoral. Inclusive, eu gostaria muito que o governo do Estado se posicionasse com relação a isso, afinal a Enel atua com uma concessão estadual e com esse aumento, está atrasando o desenvolvimento do próprio Estado”, pontua o presidente da Faec. 

O aumento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e adotado pela Enel é de, em média, 24,85% na conta de luz dos cearenses, porém, com o fim da bandeira escassez hídrica, suspensa no dia 16 de abril, que implementava taxa extra de R$ 14,20 por cada 100 quilowatts consumidos por hora, essa elevação será sentida em menor escala.

Isso porque a estimativa de redução na conta de energia com o fim da bandeira era de 20%, logo, na prática, para cada consumidor, o encarecimento percebido com reajuste da Enel Ceará deve ser, na maioria dos casos, de cerca de 5% a mais do valor pago nos últimos meses pelos consumidores comuns.

A percepção prática pode variar, já que o reajuste é maior para indústrias e outros grandes empreendimentos que demandam muita energia. 

Amilcar acrescenta ainda que o reajuste adotado pela Enel trava o projeto de desenvolvimento do setor do agronegócio para o Estado que previa aumento da produção, redução do custo aos produtores e maior oferta de produtos na mesa dos cearenses. 

"Além da ação civil contra o reajuste, nós da Faec entraremos com pedidos contra a Enel de cobrança indevida a 14.968 mil produtores", complementa Amilcar. 

Resposta da Enel

Procurada pelo O POVO, a Enel Distribuição Ceará afirma que até esta sexta-feira, 22 de abril, não  foi notificada judicialmente sobre o reajuste tarifário implementado após análise e aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

"A companhia está aberta para o diálogo com todas as entidades", pontua a companhia em nota ao O POVO. A empresa revela ainda estar em conversa com os sindicatos para agendamento de reuniões individuais para que os devidos esclarecimentos solicitados possam ser revelados para cada empresa. 

"A empresa esclarece também que as tarifas são definidas pela Aneel com base em leis e regulamentos federais e contêm custos que não são de responsabilidade da Enel como: impostos, encargos setoriais, custos de geração e transmissão de energia. Estes valores são arrecadados pela distribuidora e repassados às empresas de geração, transmissão e ao governos federal e estadual (ICMS)", acrescenta a empresa. 

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