Carnes ficarão 5% mais caras até fim do mês no Ceará após reajuste da conta de luz, diz sindicato

O percentual exato poderá variar de região para região e o impacto dos reajustes para as vendas no setor será avaliado a partir da próxima semana

O Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Ceará (Sindicarnes-CE) estima aumento aproximado de 5% no valor do quilo de todas as carnes ainda neste mês. Alta ocorre em decorrência do reajuste na tarifa da energia cobrado pela distribuidora Enel no Estado, em vigor a a partir deste sexta-feira, 22 de abril. 

"Vamos ter que aumentar o preço da carne, infelizmente. É lamentável ter que fazer isso em um momento tão crítico, mas não temos escolha, somos reféns dos gastos com energia", revela, com exclusividade ao O POVO, o presidente do Sindicarnes, Everton da Silva. O percentual exato poderá variar de região para região e o impacto dos reajustes para o setor será avaliado detalhadamente em estudo autoral da entidade a partir da próxima semana. 

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O líder sindical destaca que o setor é "altamente dependente da energia" e que não terá como não repassar o que chama de "aumentos exorbitantes e fora da realidade". A alta na conta de energia impactará diretamente os planos de novos investimentos de empresários do setor e deve gerar uma nova queda no consumo. 

"A conta não fecha, quanto mais aumentamos o preço, mais afastamos o consumidor, menos vendemos e menor é nosso caixa, fica completamente inviável para as empresas", complementa. O Sindicarnes pontua que avalia a alta na tarifa de luz como um "absurdo" e que pretende entrar com uma ação civil pública para questionar judicialmente o reajuste.    

O aumento aprovado pela Aneel e adotado pela Enel é de, em média, 24,85% nas contas de luz, porém, com o fim da bandeira escassez hídrica, suspensa no dia 16 de abril, que implementava taxa extra de R$ 14,20 por cada 100 quilowatts consumido por hora, essa elevação será sentida em menor escala.

Isso porque a estimativa de redução na conta de energia com o fim da bandeira era de 20%, logo, na prática, para cada consumidor, o aumento percebido com reajuste da Enel Ceará deve ser de cerca de 5% a mais do valor pago nos últimos meses. 

Nos produtos, alimentos e até serviços, porém, o impacto será maior, já que a energia é um insumo básico e que o encarecimento desta gera um efeito em cadeia de elevação de preços, na qual, a ponta final é o consumidor, que deve arcar com todos os aumentos.

Além disso, o presidente do Sindicarnes pontua que o sindicato irá "reunir esforços" para evitar que o aumento seja ainda mais oneroso ao consumidor. "Nós repudiamos veemente esse aumento absurdo, acima de qualquer valor inflacionário. Não encontramos razões nem justificativa para esse aumento", afirma Everton. 

Resposta da Enel

Procurada pelo O POVO, a Enel Distribuição Ceará afirma que até esta sexta-feira, 22 de abril, não foi notificada judicialmente sobre o reajuste tarifário implementado após análise e aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

"A companhia está aberta para o diálogo com todas as entidades", pontua a companhia em nota ao O POVO. A empresa revela ainda estar em conversa com os sindicatos para agendamento de reuniões individuais para que os devidos esclarecimentos solicitados possam ser revelados para cada empresa. 

"A empresa esclarece também que as tarifas são definidas pela Aneel com base em leis e regulamentos federais e contêm custos que não são de responsabilidade da Enel como: impostos, encargos setoriais, custos de geração e transmissão de energia. Estes valores são arrecadados pela distribuidora e repassados às empresas de geração, transmissão e ao governos federal e estadual (ICMS)", acrescenta a empresa. 

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