Supermercados estimam alta generalizada acima de 10% após reajuste da conta de luz

Setor afirma que, em parceria com outros sindicatos e associações, entrará na Justiça para questionar o aumento aprovado pela Aneel e adotado pela Enel Ceará

19:18 | Abr. 22, 2022

Por: Alan Magno
Inflação da Grande Fortaleza encerra maio quase três vezes mais intensa do que a média nacional, sendo a maior do Brasil (foto: FERNANDA BARROS)

Os preços dos produtos nos supermercados terão aumento estimado em mais de 10% devido ao reajuste tarifário implementado pela Enel Distribuição Ceará nas contas de luz em todo o Estado, após aprovação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A informação é o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, que adiantou o reajuste em primeira mão ao O POVO

"O varejo, a indústria, os produtos, todos dependem da energia e vão aumentar seus preços com esse aumento, então, com certeza teremos que ter reajustes bem significativos em cima de diversos produtos", destaca Nidovando. 

O aumento aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e adotado pela Enel é de, em média, 24,85% na conta de luz dos cearenses, porém, com o fim da bandeira escassez hídrica, que implementava taxa extra R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos por hora e, após recarga dos reservatórios na quadra chuvosa de 2022 foi suspensa no último dia 16 de abril, a percepção de impacto será menor.

Isso porque a estimativa de redução na conta de energia com o vim da bandeira escassez hídrica era de 20%, logo, na prática, para cada consumidor, o encarecimento percebido com reajuste da Enel Ceará deve ser, na maioria dos casos, de cerca de 5% a mais do valor pago nos últimos meses pelos consumidores comuns.

A percepção prática pode variar, já que o reajuste é maior para indústrias e outros grandes empreendimentos que demandam muita energia. Para os supermercados do Estado, Nidovando pontua sentimento de tristeza e preocupação entre os empresários do setor.

"É um aumento acima do dobro da inflação. Jamais imaginaríamos que isso iria acontecer, estávamos saindo de uma bandeira vermelha, com boas chuvas, esperávamos uma redução dos nossos custos para recuperação pós-pandemia", lamenta o empresário. 

O represente dos supermercados cearenses conta que a Acesu está em diálogo com sindicatos e associações empresariais do Estado para consolidação de uma ação civil pública com intuito de rever o percentual de reajuste definido pela Aneel e encontrar meios para minimizar o impacto na cadeia de consumo. "Nunca vimos um ajuste tão alto repassando dessa forma", finaliza Nidovando. 

Resposta da Enel

Procurada pelo O POVO, a Enel Distribuição Ceará afirma que até esta sexta-feira, 22 de abril, não  foi notificada judicialmente sobre o reajuste tarifário implementado após análise e aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). 

"A companhia está aberta para o diálogo com todas as entidades", pontua a companhia em nota ao O POVO. A empresa revela ainda estar em conversa com os sindicatos para agendamento de reuniões individuais para que os devidos esclarecimentos solicitados possam ser revelados para cada empresa. 

"A empresa esclarece também que as tarifas são definidas pela Aneel com base em leis e regulamentos federais e contêm custos que não são de responsabilidade da Enel como: impostos, encargos setoriais, custos de geração e transmissão de energia. Estes valores são arrecadados pela distribuidora e repassados às empresas de geração, transmissão e ao governos federal e estadual (ICMS)", acrescenta a empresa. 

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