Reajuste Petrobras: caminhoneiros falam em alta de 15% no frete e em risco de greve
Inicialmente o aumento do valor do frete deve ser da ordem de 15%, estima o diretor da Fetranslog NE, Marcelo Maranhão.
16:44 | Mar. 10, 2022
O aumento de 24,9% no valor do diesel nas refinarias anunciado nesta quinta-feira, 10, pela Petrobras, mais os 4% do reajuste do mês passado e a repercussão desses aumentos sobre os demais custos da operação encareceram muito os custos no setor, o que deve pressionar principalmente os pequenos empresários do setor e há real risco de greve dos caminhoneiros autônomos.
- Confira mais notícias de Economia no Linkedin do O POVO
- Assista ao noticiário econômico nacional no Economia na Real no Youtube do O POVO
- Veja dicas rápidas e práticas sobre Educação Financeira no Dei Valor no Youtube e também no TikTok do O POVO
Em entrevista ao O POVO, o presidente da Câmara Setorial de Logística do Ceará (CS Logística e diretor da Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste (Fetranslog-NE), Marcelo Maranhão conta sobre os impactos causados às pequenas empresas a partir do aumento.
"Esses pequenos empresários são os que mais sofrem, a ANTT informou que vai realinhar o piso nacional do frete mínimo, mas há insegurança jurídica se essa tabela é constitucional ou não. Essa situação faz sofrer o pequeno empresário, que fica refém da boa vontade do embarcador em repassar esses custos e o obedecer a tabela da ANTT", destacou.
Segundo ele, há, sim, risco de greve dos caminhoneiros autônomos. "É uma situação muito delicada e tememos a reação dos caminhoneiros autônomos, que não tem como suportar e existe real risco de greve dos caminhoneiros autônomos", pontuou.
Aumento de preço nos aplicativos
O aumento dos valores de combustíveis ao consumidor deve chegar já nesta sexta-feira, 11 de março, nos postos que comprarem novos estoques. Segundo Ricardo Pinheiro, especialista da área de Petróleo, o preço da gasolina deve variar entre R$ 8,50 a R$ 9, e o diesel de R$ 7,50 e R$ 8 no Ceará. Ele ainda não descarta novos aumentos nas próximas semanas se a guerra da Rússia contra Ucrânia continuar.
Isso porque a Petrobras implementará a partir de amanhã, 11 de março, uma nova tabela de preços praticados para a venda de combustíveis para as distribuidoras.
A variação no preço será aplicada sobre o litro da gasolina comum, com alta de 18%, e do óleo diesel, com acréscimo de 24,9%. A estatal ajustou ainda o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha, saindo de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilograma vendido às distribuidoras.
Com os reajustes, a partir de amanhã, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Considerando os percentuais de composição de preço, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será de R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,54 por litro.
No caso do óleo diesel, o preço praticado pela Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro.
O último reajuste nesses combustíveis havia sido feito há 57 dias e conforme a Petrobras, o aumento "vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda". No caso do gás de cozinha, não havia um reajuste por parte da Petrobras há 152 dias.
Leia mais
"Esses valores refletem parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia. Mantemos nosso monitoramento contínuo do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade", afirma a Petrobras.
Impacto da guerra da Rússia e Ucrânia nos combustíveis
O aumento implementado pela Petrobras ocorre em meio à escalada de preços do petróleo no mercado internacional diante da instabilidade gerada na oferta do produto com o conflito armado da Rússia com a Ucrânia.
A invasão da Rússia à Ucrânia elevou o preço do barril de petróleo tipo brent, referência ao mercado e produzido essencialmente no leste europeu, ao maior patamar desde 2014, superando os US$ 110 (dólares americanos).
A Petrobras destaca ainda que monitora os preços praticados internacionalmente de forma regular e pontua que os reajustes são necessários para "o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras".
A estatal reconhece ainda a instabilidade na oferta de petróleo no mercado internacional gerada pela guerra na Ucrânia pode gerar novos reajustes caso os países do ocidentes não tomem ações que busquem o equilíbrio econômico entre os agentes importadores de petróleo e derivados.
Com informações dos jornalistas Carol Kossling e Alan Magno