Mulheres têm ganhos no mercado de trabalho cearense, mas desigualdades ainda persistem, aponta Ipece

Estudo sobre as mudanças no mercado de trabalho cearense nos últimos dez anos mostra que as mulheres apresentaram ganhos evidentes, mas ainda precisam avançar bastante para reduzir desigualdades em relação aos homens

19:11 | Mar. 08, 2022

Por: Karyne Lane
AS MULHERES apresentam mais tempo de estudo que os homens no Estado (foto: AGÊNCIA BRASIL)

As mulheres apresentaram ganhos evidentes no mercado de trabalho cearense na última década, mas ainda precisam obter avanços para reduzir as desigualdades observadas em relação aos homens — mesmo obtendo, em média, maior tempo de estudo. Os dados são do estudo “Resultados Recentes no Mercado de Trabalho Feminino Cearense”, lançado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) nesta terça-feira, dia 8 de março.

A pesquisa mostra as principais mudanças ocorridas no mercado de trabalho cearense nos últimos dez anos, com foco na análise por gênero. O trabalho utiliza como base os dados trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o período entre o 1º trimestre de 2012 e o 4º trimestre de 2021.

A análise aponta que a população total estimada feminina apresentou um ganho de participação de 0,1% no Ceará, após apresentar um crescimento acumulado de 6,5%, finalizando a série histórica com 51,4% da população total: um contingente de 4.755.583 pessoas de um total de 9.256.370.

Já a população em idade de trabalhar estimada feminina também apresentou elevação, com um ganho de 0,3% no período, após registrar uma alta acumulada de 12,4%, finalizando a série histórica com uma participação de 52,2% da população em idade de trabalhar cearense, com um contingente de 3.894.801 pessoas de um total de 7.466.669.

No período analisado, a população ocupada formal estimada feminina também registrou um ganho de participação de 1,1% no período, enquanto a população ocupada de homens no mercado de trabalho registrou queda acumulada de 0,1% no período. A população ocupada informal estimada feminina também registrou um ganho de participação de 1,5% no período, mas os homens ainda detêm a maior participação na população ocupada informal cearense, mesmo após a queda acumulada no período de 0,4%.

Maior tempo de estudo

Conforme observa o autor do estudo, Alexsandre Lira, analista de Políticas Públicas do Ipece, “foi possível constatar que as mulheres apresentam, em média, maior tempo de estudo que os homens em todos os grupos investigados, mas esta diferença vem caindo ao longo do tempo”.

“Vale destacar que as maiores diferenças entre os anos de ensino médio de mulheres e homens estão ocorrendo no mercado de trabalho, na população na força de trabalho e no grupo da população ocupada. Chamou atenção o fato da população desocupada apresentar tempo de escolaridade superior ao observado pela população ocupada na maior parte do tempo analisado”, destaca.

Alexsandre Lira afirma que, apesar dos ganhos no período recente, as mulheres precisam avançar bastante para reduzir as desigualdades observadas em relação aos homens no mercado de trabalho cearense, mesmo apresentando, em média, maior tempo de estudo.

“Faz-se necessário pensar em políticas públicas que possam ajudar no processo decisório de participação no mercado de trabalho e no incentivo à contratação de mulheres, aumentando ainda mais a sua presença no mercado de trabalho local, reduzindo com isto a subutilização da força de trabalho feminina”, conclui.

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