Invasão da Rússia à Ucrânia: previsão de alta até 10% nos combustíveis e gasolina a R$ 9,50

As projeções indicam que os impactos para os consumidores devem se refletir em até 15 dias, sendo acompanhados de um novo reajuste de preços da Petrobras

11:47 | Fev. 24, 2022

Por: Alan Magno
Para equiparar os preços, o diesel deveria ter aumento de R$ 0,90 por litro nos postos brasileiros (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Os preços dos combustíveis no Brasil e no Ceará terão reajuste de até 10% como consequência dos desdobramentos econômicos do conflito gerado pela invasão da Rússia à Ucrânia. As projeções do mercado destacam que caso o conflito se intensifique ou se alongue por mais tempo, os consumidores brasileiros poderão ter que pagar, em média, até R$ 9,50 pelo litro da gasolina comum. 

Logo após a confirmação da invasão russa à Ucrânia, o mercado internacional de combustíveis e energia entrou em instabilidade, registrando uma escalada de preços no barril do petróleo. Pela primeira vez desde setembro 2014, o preço do barril do petróleo Brent, extraído em regiões da Europa e Ásia, alcançou os US$ 100,04 (dólares). 

Ao longo desta quinta-feira, 24 de fevereiro, o produto computava alta de cerca de 8% no preço, com potencial de elevação ainda maior até o fechamento do mercado. As projeções indicam que, caso o conflito se intensifique e dure por mais tempo, o preço do barril de petróleo poderá atingir o patamar de US$ 120 até o fim de fevereiro. 

"Se o conflito se intensificar e envolver outras nações, teremos uma escalada de preços muito maior. O mesmo vale para implementação de sansões comerciais à Rússia", detalha Ricardo Pinheiro, engenheiro de petróleo e diretor da RPR engenharia e consultoria. O especialista revela ainda que além das questões políticas para a crise, a disputa pelo mercado energético, com a venda de gás natural para Europa, é um agravante do conflito, o que gera impactos ainda maiores no mercado internacional desses produtos.

Reajuste de até 10% no preços dos combustíveis 

Com o preço do petróleo em disparada e a atual política de preços da Petrobras, que determina a paridade de valores do mercado nacional com o internacional, Ricardo projeta um reajuste mínimo de 5%, podendo chegar ao patamar de 10% ainda este mês para todos os combustíveis. "Essa é uma discussão que empresários e pesquisadores do setor estão tendo há semanas em fórum especializados. A alta será imediata, não terá como ser diluída em reajustes sequenciais", revela. 

Os impactos para o consumidor dependerá das ações diplomáticas e dos desdobramentos da geopolítica mundial, contudo, devem ser sentidos, para alívio ou aflição, em um período entre uma e duas semanas, com relação aos combustíveis e de forma mais imediata com relação a inflação de outros produtos. "Mesmo coso ocorra a atenuação do conflito, a Petrobras precisará repassar para as refinarias os novos patamares de preços do barril, então é muito provável que nos próximos 15 dias, nós teremos um novo reajuste. Dessa vez, em todos os combustíveis". 

No Ceará, apesar do cenário de estabilidade, com tendência de queda, no preço dos combustíveis, diante do novo contexto macroeconômico, os motoristas devem se preparar para pagar mais na hora de abastecer seus respectivos veículos. A projeção é de que o preço médio do litro da gasolina comum no Brasil chegue até R$ 9,50 entre o fim de fevereiro e a primeira semana do mês de março.

Porém, Ricardo não exclui a possibilidade do preço ultrapassar R$ 10 em algumas localidades do País. "Esse impacto depende de muitos outros fatores, temos a questão de estoque, armazenamento, alíquota do ICMS, e a inflação acumulada sobre os combustíveis em cada região, sem uma intervenção estatal no preço, se mantivermos essa política de paridade de preço, os aumentos serão muito expressivos e imediatos", complementa. 

Além do reajuste no barril de petróleo, a invasão da Rússia à Ucrânia também impactou a cotação do dólar, outro fator determinando para o preço dos combustíveis no Brasil. A moeda americana, centro de referência de transações comerciais internacionais no mundo, vivenciava uma sequência de quedas consecutivas em um cenário animador para investimentos.

Com a divulgação da invasão da Rússia à Ucrânia, porém, a moeda entrou em cenário de instabilidade e chegou a computar alta de 1% no preço com relação ao real em cerca de 12 horas, aumentando novamente a desvalorização do real no mercado internacional.

Como ficaria o preço médio dos combustíveis no Ceará caso o reajuste de 10% se concretize?

  • Gasolina Comum - Preço médio de R$ 7,19
  • Etanol Hidratado (álcool)  - Preço médio de R$ 6,10
  • Óleo Diesel  - Preço médio de R$ 6,51
  • Gás de cozinha  - Preço médio de R$ 114,47
  • Gás veicular  - Preço médio de R$ 5,36

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