Após fala de Guedes, Construção pede que governo não libere saques do FGTS

Ministro havia dito terça que estudava liberar recursos de até R$ 1 mil do Fundo para pagamento de dívidas

23:11 | Fev. 23, 2022

Por: Redação O POVO
Construtoras defendem a preservação dos recursos para financiar obras de infraestrutura (foto: O POVO)

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) informou que vai enviar uma carta ao Governo Federal para barrar a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os saques de até R$ 1 mil são estudados pelo Ministério da Economia para pessoas quitarem dívidas, segundo afirmou o titular da pasta, Paulo Guedes, na última terça-feira, 22.

Mas o montante resultante dessa autorização, estimado em R$ 30 bilhões, incomoda as construtoras. Em nota, José Carlos Martins, presidente da CBIC, contesta a ideia de que o desembolso desse recurso possa ajudar a dar um impulso na economia do País.

“Não é verdade. Fizemos em outros momentos análise posterior e o pequeno ganho que traz é muito inferior ao que perdemos. Perde-se o emprego gerado na contratação de habitações e saneamento. Emprego este que gera renda numa cadeia horizontal, capilaridade, com efeitos imediatos que se propaga por toda economia”, defendeu.

O posicionamento do empresário refere-se ao uso dos recursos do FGTS para o financiamento de obras de infraestrutura, como saneamento básico. Com a liberação para a população retirar o dinheiro, um volume menor fica disponível para este fim.

“Para se ter uma ideia, a cada R$ 1 bilhão de investimento em habitação, gera-se cerca de 24 mil empregos, principalmente para a população de baixa renda”, completa, na mesma nota, Luiz França, presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

Intenção manifestada por Guedes

Na terça-feira, dia 22, Paulo Guedes anunciou a intenção do Governo Federal em evento do BTG Pactual e gerou expectativa na população e no mercado. A mesma estratégia foi usada pela União em 2020 para amenizar os efeitos da pandemia sobre a população, exatamente quando a economia estava parada devido ao impacto da Covid 19.

"São pessoas que têm recursos lá e que estão passando por dificuldades. Às vezes, o cara está devendo dinheiro no banco e está credor no FGTS. Por que não pode sacar essa conta e liquidar a dívida dele do outro lado", afirmou o ministro no evento, sem dar mais detalhes.