Ceará deve liderar em projetos de energia eólica offshore com sanção
Presidente Jair Bolsonaro sancionou as regras para geração de energia dentro do mar nessa terça-feira, 25. Projetos do hub de hidrogênio verde serão beneficiados
10:51 | Jan. 26, 2022
O Ceará deve liderar o mercado brasileiro de projetos em energia eólica offshore após a regulamentação da produção de energia em alto mar. Nessa terça-feira, 25, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a medida, que deve destravar investimentos bilionários.
O Ceará possui os primeiros projetos idealizados no País, num total de seis projetos de parques de geração desse tipo. Desde 2016 esses empreendimentos aguardavam no começo de uma fila que agora possui 23 projetos, cujos licenciamentos ambientais estão em curso no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).
Dos 56GW a licenciar em energia offshore, 11GW era para o litoral cearense, o que representa quase 20% do total.
A regulamentação deve acelerar esse processo de liberação, pois gera regras para operação. Isso deve viabilizar também a produção de hidrogênio verde no Ceará. De acordo com o presidente da Frente Parlamentar de Energias Renováveis (FER), o deputado federal Danilo Forte (PSDB-CE), tanto Ceará, quanto Rio Grande do Norte, são os estados com maior potencial em geração eólica offshore, o que deve beneficiar a economia dos estados.
"Isso viabiliza (a produção) do hidrogênio verde, que será a redenção do mundo não só para diminuir as emissões de carbono, mas para a geração de emprego e desenvolvimento", comemora o parlamentar. Segundo ele, a medida tem potencial para viabilizar a exportação de energia do Ceará para outros continentes a um preço competitivo. "Isso com certeza nos coloca como um centro econômico do mundo".
Relação da regulamentação com o hub de hidrogênio
O montante de energia gerado pelas offshore e a necessidade das plantas de eletrólise (onde é produzido o H2V) é que relaciona os dois setores. No total, são 6,39 gigawatts (GW) de potência instalada a partir desses projetos pensados para a costa cearense. Isso representa metade da demanda das plantas de hidrogênio cujo protocolo já foi assinado com o Governo do Estado, segundo calcula Luiz Eduardo Barbosa, diretor de Geração Centralizada do Sindienergia-CE.
“É muita energia. Aqui, a gente vai ter essa condição do hub (de hidrogênio verde) e vai precisar de energia, é fato. Não é nenhuma especulação. Todos os protocolos vão para frente? Não sei, mas mesmo que vá a metade, é muita coisa”, afirma, sinalizando que haverá mercado para as eólicas no mar cearense.
Instalada, hoje, a potência da geração eólica no Ceará soma cerca de 2,5 GW, de acordo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Somada às demais (térmica, solar e hidrelétrica), a potência instalada no Estado chega a 5,1 GW. “Já existem 42 GW de projetos de eólica offshore com pedidos de licenciamento no Ibama. Este valor é cerca de duas vezes maior que os 23 GW de projetos de eólica onshore cadastrados para participação no próximo leilão de eólica onshore e também é superior aos 19 GW de eólica onshore instalados”, diz relatório produzido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), que debateu o tema no ano passado.
Posicionamento do Ceará no mercado
Para que toda essa energia seja gerada, toda uma cadeia produtiva seja viabilizada. E essa perspectiva anima o secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho do Ceará (Sedet), Maia Jr., que destaca que há 25 anos o Estado vem desenvolvendo esse setor, que nesta nova fase deve demandar nova infraestrutura portuária, equipamentos diferenciados, o que deve gerar empregos, além do investimento em tecnologia.
“Damos um passo definitivo para estruturar essa terceira vertente de produção de energia renovável (após a solar fotovoltaica e eólica onshore) desenvolvendo no Estado uma cadeia produtiva que vai empregar muita gente, produzindo energia e os equipamentos”, enfatiza.
Maia ainda lembra que já há investimento de até R$ 400 milhões da chinesa Mingyang Smart Energy programado para construção de pás eólicas para projetos offshore, numa fábrica que funcionaria como um hub internacional de equipamentos. Além desse, mais dois investimentos do tipo estão em negociação.
O titular da Sedet acrescenta que a perspectiva para o futuro próximo é que a regulamentação destrave a análise dos projetos no Ibama e atraia novos interessados na modalidade de geração, viabilizando mais iniciativas no setor. Ele ainda diz que o próximo passo nesse processo de regular os modelos de geração de energia por vias renováveis é a sanção do regulamento para a produção de hidrogênio.