FMI vê risco econômico mais longo com oferta de postos e falta de trabalhadores

12:13 | Jan. 19, 2022

Por: Agência Estado

Nos Estados Unidos e no Reino Unido, o recente "quebra-cabeça" do mercado de trabalho, com oferta de vagas e falta de pessoal, pode ser parcialmente explicado pela incompatibilidade, o efeito da pandemia nas mulheres, e trabalhadores mais velhos que deixam a força de trabalho, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em postagem em seu blog, o Fundo descreve que "quase dois anos depois que a pandemia abalou os mercados de trabalho, as vagas de emprego são abundantes em muitas economias avançadas, mas os trabalhadores não retornaram totalmente".

Se a tendência mais ampla de empregos abundantes e trabalhadores insuficientes continuar, pode ter implicações importantes para o crescimento, a desigualdade e a inflação, avalia o FMI. Uma lentidão contínua na recuperação do emprego em meio à demanda de trabalho sustentada pode restringir o crescimento econômico, enquanto alimenta os aumentos salariais, alerta. "Embora salários mais altos sejam uma boa notícia para os trabalhadores, eles poderia alimentar ainda mais a inflação", diz o FMI.

A lacuna, na qual a taxa de emprego está abaixo do nível pré-crise, está se estendendo nos EUA e no Reino Unido, aponta. Com um possível efeito de resfriamento nos mercados de trabalho causados pela variante Ômicron, essa tendência pode ser mais longa do que o esperado, alerta o artigo, escrito por Carlo Pizzinelli e Ippei Shibata.

Uma das razões apontadas é que mães de crianças pequenas seguem saindo da força de trabalho em meio á interrupções contínuas de escolas e creches.

Uma explicação possível é que os programas de apoio à renda durante a pandemia permitiram que os trabalhadores fossem exigentes, retardando as candidaturas a empregos, as aceitações e, em última análise, a recuperação do emprego, cita.

Outra questão é um aumento no descompasso entre as indústrias e ocupações em que os desempregados estão procurando e aquelas com vagas abundantes: trabalhos que exigem interações pessoais, como em restaurantes, hotéis e entretenimento, foram duramente atingidos, enquanto ocupações que aceitam trabalho remoto substancialmente melhor, explica o FMI.