Após polêmicas na seleção, Banco do Nordeste assumirá operacionalização do Crediamigo

No dia 18 de novembro, o banco revelou que apenas três entidades se inscreveram na seleção, e destacou que nenhuma atendeu aos critérios técnicos estipulados no edital de seleção

17:38 | Dez. 14, 2021

Por: Alan Magno
490 mil clientes do Credamigo serão contemplados pelo Desenrola (foto: Divulgação)

O Banco do Nordeste (BNB) se prepara para dar início à migração da base de dados e do sistema operacional do programa Crediamigo para uma base de gestão própria após não conseguiu selecionar uma nova entidade para assumir o processo em 2022

No dia 18 de novembro, o banco revelou que apenas três entidades se inscreveram na seleção. Entre os interessados estavam o Cactvs Instituição de Pagamento S/A; Instituto Comunitário de Crédito de Natal (CredNatal) ; e Organização Social Associação de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Solidário do Estado da Bahia (Adesba). 

Porém, o Banco do Nordeste destaca em fato relevante enviado ao mercado que foi contatado o "não cumprimento dos critérios de habilitação, estabelecidos pelo Edital 2021/141, por nenhuma das três entidades inscritas em processo de seleção para prestação de serviços de contratação e acompanhamento das operações do Crediamigo". 

O banco revela ainda que as empresas puderam entrar com recurso da avaliação final do BNB, mas que todos os pedidos de revisão no julgamento foram considerado "improcedentes".

Uma das empresas que estavam correndo no processo, a Cactvs, tem como dono Fernando Passos, que renunciou do cargo de vice-presidente executivo, financeiro e de relações com investidores do IRB Brasil Resseguros S.A., em 2020, após investigação de suposta fraude que custou R$ 30 bilhões em valor de mercado para o IRB na Bolsa.

A empresa criada por ele foi fundada enquanto ele aguardava as investigações sobre a fraude na IRB em 2020. Além disso, Fernando Passos é ex-gestor do BNB e teve o mandato questionado por supostas irregularidades, durante os anos de 2012 e 2013. 

Até então, o programa era operacionalizado por uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), o Instituto Nordeste Cidadania (Inec), que por 18 anos foi operador exclusivo do programa, e nem sequer se inscreveu. O contrato com a ONG estava no centro da crise política que levou à destituição de Romildo Rolim do cargo de presidente do banco.

O Banco do Nordeste destaca a decisão de assumir a operacionalização do Crediamigo após, "considerando critérios de qualificação técnica e de capacidade econômica e financeira" não ter conseguido selecionar banco de desenvolvimento, cooperativas centrais de crédito, agências e fomento, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), empresas simples de crédito, ou outra entidade relacionada para assumir a base de dados do Crediamigo.