Após reponderação, Pnad mostra população mais jovem e renda familiar menor

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) 2020 - Rendimento de Todas as Fontes já trazem a incorporação da reponderação da série histórica, que vinha sendo tratada nos últimos meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para corrigir eventuais distorções na coleta causadas pelas entrevistas remotas feitas durante a pandemia. Depois da revisão, os dados mostram uma população mais jovem e uma renda das famílias mais baixa que o estimado previamente.

O órgão anunciou anteriormente que divulgaria apenas em 30 de novembro a Pnad Contínua sob a nova ponderação, que calibra os resultados nacionais e ajusta os pesos das informações regionais conforme idade e sexo de informantes.

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Na ocasião, serão divulgados os resultados de indicadores do mercado de trabalho referentes ao trimestre encerrado em setembro, mas toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, será recalculada. Outros indicadores produzidos pelo órgão também serão afetados, como o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo o IBGE, diante da necessidade de preservar as informações que serão conhecidas apenas na divulgação da Pnad Contínua, os microdados da Pnad Renda de 2020 não serão divulgados nesta sexta-feira, 19, excepcionalmente. O instituto vai divulgar essas informações também somente no dia 30 de novembro.

O IBGE já tratava os dados coletados pela Pnad Contínua, ajustando os resultados para o tamanho da população de cada unidade da federação. Agora, o instituto ajustará também as informações coletadas em relação à distribuição das pessoas por idade e sexo no total nacional, o que afeta o peso das repostas dos domicílios também regionalmente.

O órgão explica que o ajuste mitigará os problemas de vieses na coleta, que foram agravados pela interrupção de entrevistas presenciais durante a pandemia de covid-19, o que reduziu a taxa de aproveitamento da amostra. A coleta telefônica de dados sobre o mercado de trabalho no País aumentou a incidência de respostas de mulheres e idosos.

"Isso mitiga, não resolve", explicou Luna Hidalgo, pesquisadora do IBGE. "É mais fácil eu entrevistar um idoso do que as pessoas que estão trabalhando no domicílio", exemplificou.

Com a reponderação conforme sexo e faixas etárias da série histórica da Pnad Contínua: Rendimento de Todas as Fontes, a renda da família brasileira ficou menor do que era estimada. A renda média mensal domiciliar per capita de 2019 foi corrigida de R$ 1.451 para R$ 1.410, descendo a R$ 1.349 em 2020, sob impacto da pandemia.

A pesquisa estimava que, em 2019, a renda média mensal real - considerando quem tinha algum tipo de renda de qualquer fonte no domicílio - era de R$ 2.317, mas esse valor passou para R$ R$ 2.292. A renda média proveniente apenas do trabalho foi revista de R$ 2.383 para R$ 2.366.

Além disso, o País tem menos idosos e mais crianças do que os dados da Pnad estimavam. Na série antiga, 6,2% da população brasileira tinha até 4 anos de idade em 2019, mas o novo cálculo mostrou que essa fatia é de 7,0%. A parcela de crianças de 5 a 9 anos aumentou de 6,6% para 6,9%, e de 10 a 13 anos, de 5,5% para 5,7%.

No outro extremo etário, o total de habitantes de 50 a 59 anos foi reestimado de 12,4% da população para 11,2% em 2019. A população de 60 a 64 anos diminuiu de 4,9% para 4,3%, e a de 65 anos ou mais encolheu de 10,8% para 9,5% na revisão de dados.

"Reduzindo um pouco dos idosos, a gente vai ver que quem ganha aposentadoria tem um peso menor (no total da população)", explicou Alessandra Scalioni Brito, analista do IBGE.

Antes da calibragem dos cálculos, a Pnad estimava que 14,7% dos brasileiros recebiam aposentadoria ou pensão em 2019, montante que foi corrigido para 13,0%. O porcentual de pessoas com algum tipo de rendimento, de qualquer fonte, foi revisto de 62,6% na série antiga para 61,5% na série nova.

Quanto ao mercado de trabalho, a fatia da população com alguma renda proveniente do trabalho em 2019 foi revista de 44,1% para 44,3%. Em 2020, esse total foi de 40,1%, devido ao choque provocado pela crise sanitária sobre o emprego.

A soma das pessoas com renda de outras fontes em 2019 foi revisada de 25,1% para 23,6%, subindo a 28,3% em 2020, sob impulso do pagamento do auxílio emergencial.

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