No Ceará, 1% mais rico ganha 40,5 vezes mais do que a parcela mais pobre

Em 2020, a diferença da renda mensal média entre os mais ricos e mais pobres no Ceará chegou a ser de R$ 12.400 conforme dados do IBGE.

11:13 | Nov. 19, 2021

Por: Alan Magno
Sandra Maria de Freitas Anjo, 57, mora na comunidade dos trilhos em Fortaleza e, há anos, vivem em situação de insegurança alimentar (foto: Yago Albuquerque / Especial para O Povo)

Enquanto a parcela mais pobre do Estado vive com renda média mensal de R$ 314, o grupo de mais ricos, representando não mais do que 1% da população do Ceará, detinha rendas mensais acima de R$ 12 mil durante todo o ano de 2020, em meio à crise sanitária da Covid-19.

As informações fazem parte da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua 2020 divulgada nesta sexta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo mostrou que a parcela mais rica do Estado recebia em média rendas 40,5 vezes maiores do que a mais pobre do Estado. Em 2020, a diferença da renda mensal média entre os mais ricos e mais pobres no Ceará chegou a ser de R$ 12.400.

Além disso, do total 5,4 milhões de cearenses com algum tipo de renda, apenas 3,2 milhões tinham a renda associada algum tipo de trabalho, seja com carteira assinada ou no mercado informal.

Número apresenta uma redução de 400 mil pessoas, ou seja, a quantidade de cearenses que tinha renda vindo de alguma atividade de trabalho caiu 12,5%.

Por outro lado, o número de cearenses que tinha renda dependente de programas sociais aumentou 20,8% saindo de 2,4 milhões em 2019 para 2,9 milhões em 2020.

A categoria inclui seguro-desemprego/seguro-defeso, programas sociais do governo e abarca assim o Auxílio Emergencial. Conforme o IBGE, cerca de 32,1% das pessoas que moravam no Ceará até fim de 2020 tinham a renda dependente de programas sociais.

O instituto destaca, porém, que tal redução não foi um fenômeno exclusivo do Ceará, ocorrendo em todas as demais unidades federativas do Brasil. No País, a dependência das famílias de rendas vindo de outras fontes, como as medidas emergenciais criadas durante a pandemia, aumentou de 12,2% da população para 19,2%, afetando assim 1,8 milhão de pessoas em 2020.

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No Estado, a renda média mensal real das famílias ficou em R$ 1.667 durante o ano passado. Número representa avanço de 4,3% com relação a 2019, colocando o Ceará com o terceiro maior rendimento mensal médio dentre os nove estados do Nordeste. Apesar do aumento de R$ 69 em um ano, a renda médias dos cearenses permaneceu abaixo da média nacional de R$ 2.213.