Plano prevê nova usina nuclear até 2031

Antes mesmo de o governo concluir as obras de Angra 3, o Plano Decenal prevê a construção da quarta usina nuclear do Brasil, anunciou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em evento do setor na quinta-feira. Segundo o ministro, o Plano Decenal de Energia 2031, base para expansão da geração de energia elétrica do País, já vai incluir a nova unidade.

Estudos para escolher o melhor local para a implantação estão em andamento, disse Albuquerque, que já declarou ser a energia nuclear uma das prioridades do governo e uma fonte estratégica para encher os reservatórios das hidrelétricas. A previsão é de que o PDE 2031 seja divulgado no início do ano que vem.

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"Além da conclusão de Angra 3, em 2026 ou 2027, está prevista no plano uma nova usina nuclear no Brasil. Para isso, o Ministério de Minas e Energia (MME), a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) já deram início a estudos complementares para novos sítios nucleares no Brasil", disse Albuquerque, em vídeo, na abertura da reunião anual da Associação Brasileira para Atividades Nucleares (Abdan).

SURPRESA. O anúncio pegou o setor nuclear de surpresa. Apesar da ligação de Albuquerque com o segmento durante seu trabalho na Marinha, quando ocupou a secretaria-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico, e mesmo após declarações favoráveis à fonte na expansão da geração de energia do País, foi a primeira vez em que o ministro indicou que os planos para mais uma usina estão saindo realmente do papel. O ministro já havia determinado a inclusão de entre mais 8 a 10 gigawatts de energia nuclear no Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050), mas por ter um horizonte de 30 anos, causava apreensão nos agentes do setor.

"O PNE 2050 é um indicador, mas, para investidores, 50 anos é um prazo longo demais. Já o PDE 2031 é um plano para a obra entrar em execução, é uma ordem do governo para que aconteça", explicou o presidente da Abdan, Celso Cunha. Ele confia que agora a fonte vai realmente avançar na matriz elétrica brasileira e já conta com a realização de leilões para a venda de energia nuclear, como ocorre com as outras fontes, conforme também anunciado pelo ministro durante discurso na 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-26), esta semana.

Cunha explica que, para realizar os leilões, o governo terá de contar com o apoio do Congresso Nacional, mas poderá optar por um modelo híbrido, com a venda de participação na usina, que continuaria a ser operada pela Eletronuclear.

"Para fazer leilão, teria de mudar definições que não existem hoje, porque só a Eletronuclear pode construir usina nuclear no Brasil, mas, no mundo todo, isso já mudou e não é nenhum bicho de sete cabeças, somos fiscalizados por órgãos internacionais", disse Cunha, citando a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Argentina, país que tem um acordo nuclear com o Brasil.

Outro problema destacado por Cunha é a exploração de urânio, combustível das usinas nucleares, monopólio da União. Para garantir o abastecimento de novas unidades, o País vai precisar aumentar a exploração do mineral, hoje só permitida à iniciativa privada se houver outro mineral associado em grande volume, como acontece em Santa Quitéria, no Ceará, onde a Galvani explora, em parceria com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), a jazida Itataia, onde o urânio (30%) é encontrado associado ao fosfato (70%). A Galvani fica com o fosfato e entrega o urânio à INB.

Para a escolha do local onde será construída a nova usina nuclear, o governo está atualizando um estudo de 2010, que indicou 40 prováveis locais, entre eles o município de Itacuruba, em Pernambuco, apontado como o melhor local em 2011 pela Eletronuclear, devido à baixa densidade populacional e a proximidade do rio São Francisco, cujas águas seriam usadas para resfriar os reatores.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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