Hapvida reconhece "adesão relevante" à hidroxicloroquina após ser citada em CPI

Rede se defende da acusação de que teria obrigado prescrição do "Kit Covid" e que grande adesão à hidroxicloroquina ocorreu apenas no começo da pandemia

10:34 | Out. 04, 2021

Por: Alan Magno
A Hapvida informa que o modo da operação está em linha com sua estratégia de negócio. (foto: Aurélio Alves)

Com escândalo da CPI da Covid-19 e instabilidade nas ações, a rede de saúde Hapvida afirma que nunca orientou ou obrigou a prescrição do "Kit Covid" aos médicos cooperados, mas reconhece "adesão relevante" à hidroxicloroquina no tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus em atendimentos clínicos e hospitalares. 

As declarações da rede foram feitas em forma de nota de esclarecimento divulgada ao mercado nesta segunda-feira, 4 de outubro. Fato ocorre dias após a entidade registrar o pior desemprenho na Bolsa de Valores brasileiras após ser citada nas investigações da CPI no dia 22 de setembro. Após a menção, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) instaurou investigação para apurar a conduta tomada pela gestora de saúde em meio à pandemia. 

O intuito é investigar a empresa cearense em paralelo aos autos do caso da Prevent Senior, que é acusada de negligência média, fraude em declarações de óbito e ainda aplicação de medicamentos sem consentimento de pacientes ou familiares. Com relação a Hapvida, a principal conduta investigada é a denúncia de que médicos da rede estariam sendo obrigados a prescrever a hidroxicloroquina. 

A investigação destaca que tal orientação da diretoria da rede teria sido imposta mesmo quando o medicamento já havia tinha a ineficácia comprovada no tratamento da Covid-19. Em nota, a Hapvida nega as acusações de que tenha interferido em qualquer conduta médica. 

"Nas ocasiões em que o médico acreditava que a hidroxicloroquina poderia ter eficácia, sua definição ocorria sempre durante consulta, de comum acordo entre médico e paciente, que assinava termo de consentimento específico em cada caso", afirma a rede.

Hapvida argumenta ainda que a prescrição da hidroxicloroquina, cloroquina e até mesmo da ivermectina ocorreram no começo do enfrentamento da pandemia em um momento que definiu como "marcado por incertezas em todo o mundo" no qual a viabilidade do medicante no tratamento ainda era incerta. A rede frisa ainda que desde o começo do combate à Covid-19 "não mediu esforços para garantir a melhor assistência a seus beneficiários". 

"No passado, havia um entendimento de que a hidroxicloroquina poderia trazer benefícios aos pacientes. No melhor intuito de oferecer todas as possibilidades aos nossos beneficiários, houve uma adesão relevante da nossa rede, que nunca correspondeu à maioria das prescrições", rebate a rede sobre as acusações de que estaria obrigando a prescrição do medicamento. 

Passado o período inicial da pandemia, Hapvida diz que tal adesão foi sendo reduzida de forma contínua e acelerada a medida que sua ineficácia contra Covid-19 era comprovada e revalidada por novos estudos. A rede diz ainda que "há meses não se observa mais a prescrição dessa medicação nas nossas unidades".

Porém, a rede também afirma que "segue respeitando a autonomia e a soberania médica para determinar as melhores práticas para cada caso, de acordo com cada paciente" dando margem para prescrição do medicamento comprovadamente ineficaz no tratamento da infecção pelo coronavírus. 

Em reforço a sua defesa, a Hapvida relembra ao mercado as ações e investimentos na casa de meio bilhão de reais no combate a pandemia, na compra de equipamentos de proteção individual para funcionários, ampliação da rede médica e do número de leitos.

"Desde o primeiro momento, o Hapvida defende e promove a vacinação, o uso de máscaras e as práticas de distanciamento social", reafirma a rede após as denúncias de negacionismo científico apontadas por documentos revelados na CPI que apura as atitudes governamentais e de entidades privadas no enfrentamento a crise sanitária gerada pela Covid-19. 

 

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