Brisanet estreia na B3 com "compromisso de construir pontes", diz CEO

Em cerimônia realizada nesta quinta-feira, 29, os papéis da Brisanet (BRIT3) estrearam na Bolsa de Valores de São Paulo. CEO da empresa, José Roberto Nogueira, destacou a trajetória da telecom

A Brisanet (BRIT3) está oficialmente com capital aberto. Em cerimônia realizada nesta quinta-feira, 29, os papéis da empresa de telecomunicações estrearam na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

O CEO da empresa, José Roberto Nogueira, destacou a trajetória da empresa, em 1998, afirmando que a iniciativa teve como norte a ideia de gerar desenvolvimento para a região de Pereiro, no interior do Ceará.

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"A Brisanet tem compromisso de construir pontes para conectar pessoas independentemente de onde elas estejam", disse.

Nogueira ainda lembrou que no início da jornada, a empresa começou com um investimento modesto, com pessoas iniciando no primeiro emprego. "Investimos na capacitação do primeiro, do segundo e dos demais funcionários. Só com pessoas locais, sendo capacitadas, fomos formando gente... E agora estamos chegando à B3".

Em 2020, a Brisanet investiu mais de R$ 400 milhões na expansão de sua infraestrutura e gerou mais de 6.300 empregos.

Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Segurança e Tecnologia da B3, deu as boas-vindas, ressaltando que a Brisanet se torna a 39ª empresa que abriu capital na B3 somente em 2021.

IPO

A provedora cearense de internet Brisanet abre capital após a oferta inicial ser precificada a R$ 13,92, de acordo com informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Com a venda de 89.798.851 ações na oferta-base e o exercício do lote suplementar, de 13.469.827, a transação movimentou R$ 1,43 bilhão.

Confira a entrevista especial de José Roberto Nogueira para as Páginas Azuis do O POVO, em 21 de setembro de 2020

O CEO da tecnologia que não quis largar o Semiárido

O POVO - José Roberto, o senhor veio de uma família de 11 irmãos, em Pereiro, interior do Ceará. Como foi parar no mercado de internet?


José Roberto Nogueira - É uma história longa. Quem nasce na roça, na atividade agrícola, depois que faz seis, sete anos, já está trabalhando. É o moleque que vai carregar água em um jumento, vai buscar lenha ou lida com animal. E todos os irmãos viviam exclusivamente da atividade agrícola. Esta família numerosa, em 1970, quando tinha cinco anos, estava ainda mais longe da cidade de Pereiro. Hoje estou a 18 km de cidade, mas, naquela época, estava a 27 km, em uma localidade onde não tinham muitas casas. Não tinha água nessa serra, de um lado ou do outro, tinha que ir buscar e o dia todo era para trazer 100, 200 litros de água para essa casa inteira. Depois que a gente veio para onde estou hoje...

OP - E qual o cenário hoje da Brisanet?


José Roberto Nogueira - Somos a terceira operadora de internet brasileira em fibra óptica e, no Nordeste, somos a primeira. Em infraestrutura de fibra óptica, a tecnologia pode ser rádio, cabo metálico e fibra. A infraestrutura do futuro é fibra com 5G complementar, então, a fibra é algo que tem que chegar a todas as cidades brasileiras. E essa tecnologia é o futuro da infraestrutura, a Brisanet já é a primeira no Nordeste, mesmo estando presente apenas em quatro estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Só que nós atingimos esse market share como primeiro nos quatro estados, independentemente de tecnologia, entre grandes e pequenos operadores. Incluindo a fibra, nós somos o primeiro de todos os estados do Nordeste. A Brisanet conseguiu essa liderança com esse foco, o DNA de construir no interior e seguindo para as capitais.

OP - Quais as transformações que já ocorreram em Pereiro depois que a Brisanet chegou? Vocês empregam quantas pessoas hoje?


José Roberto Nogueira - Assim como em qualquer cidade do Nordeste, o meio de sobrevivência teoricamente é agrícola, mas não é agrícola. A agricultura de hoje não dá suporte ao padrão de vida que as pessoas têm. O maior dinheiro que circula nas pequenas cidades do Nordeste são as aposentadorias na zona rural, que dá R$ 1 mil reais por mês e na agricultura gera menos de R$ 2 mil por ano. Então, a agricultura está ainda no DNA das pessoas mais idosas e esse dinheiro da aposentadoria gira no pequeno comércio e no setor público por conta do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e algumas obras federais. Agora, em Pereiro e cidades vizinhas, algumas coisas começam a mudar. Em 1995, levei 20 moleques da região, transformei em técnicos de manutenção de computadores e começou o processo de um ensinar para o outro. Em 2019, nós contratamos 1900 novos funcionários na Brisanet e terminamos o ano com 4,4 mil funcionários. Vamos terminar este ano com 6 mil colaboradores. Só onde estou agora, neste ponto, a 18 km de Pereiro, na roça, trabalham 1,4 mil pessoas. A maioria é daqui mesmo e alguns ficam itinerantes. Neste momento, quem está puxando os cabos em Fortaleza, fazendo fusão, quem está construindo os cabos, é o pessoal daqui de Pereiro. Agora, em Fortaleza, a gente está contratando 700 funcionários, mas são aqueles que vão ficar em escritório, fazer manutenção no cliente, instalação, equipe de venda, porta a porta, manutenção da construção da cidade.

Leia a entrevista completa no O POVO +

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