Brisanet estreia na B3 com "compromisso de construir pontes", diz CEO

Em cerimônia realizada nesta quinta-feira, 29, os papéis da Brisanet (BRIT3) estrearam na Bolsa de Valores de São Paulo. CEO da empresa, José Roberto Nogueira, destacou a trajetória da telecom

10:28 | Jul. 29, 2021

Por: Samuel Pimentel
A seleção é feita online (foto: Reproduação/Brisanet)

A Brisanet (BRIT3) está oficialmente com capital aberto. Em cerimônia realizada nesta quinta-feira, 29, os papéis da empresa de telecomunicações estrearam na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

O CEO da empresa, José Roberto Nogueira, destacou a trajetória da empresa, em 1998, afirmando que a iniciativa teve como norte a ideia de gerar desenvolvimento para a região de Pereiro, no interior do Ceará.

"A Brisanet tem compromisso de construir pontes para conectar pessoas independentemente de onde elas estejam", disse.

Nogueira ainda lembrou que no início da jornada, a empresa começou com um investimento modesto, com pessoas iniciando no primeiro emprego. "Investimos na capacitação do primeiro, do segundo e dos demais funcionários. Só com pessoas locais, sendo capacitadas, fomos formando gente... E agora estamos chegando à B3".

Em 2020, a Brisanet investiu mais de R$ 400 milhões na expansão de sua infraestrutura e gerou mais de 6.300 empregos.

Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Segurança e Tecnologia da B3, deu as boas-vindas, ressaltando que a Brisanet se torna a 39ª empresa que abriu capital na B3 somente em 2021.

IPO

A provedora cearense de internet Brisanet abre capital após a oferta inicial ser precificada a R$ 13,92, de acordo com informações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Com a venda de 89.798.851 ações na oferta-base e o exercício do lote suplementar, de 13.469.827, a transação movimentou R$ 1,43 bilhão.

Confira a entrevista especial de José Roberto Nogueira para as Páginas Azuis do O POVO, em 21 de setembro de 2020

O CEO da tecnologia que não quis largar o Semiárido

O POVO - José Roberto, o senhor veio de uma família de 11 irmãos, em Pereiro, interior do Ceará. Como foi parar no mercado de internet?


José Roberto Nogueira - É uma história longa. Quem nasce na roça, na atividade agrícola, depois que faz seis, sete anos, já está trabalhando. É o moleque que vai carregar água em um jumento, vai buscar lenha ou lida com animal. E todos os irmãos viviam exclusivamente da atividade agrícola. Esta família numerosa, em 1970, quando tinha cinco anos, estava ainda mais longe da cidade de Pereiro. Hoje estou a 18 km de cidade, mas, naquela época, estava a 27 km, em uma localidade onde não tinham muitas casas. Não tinha água nessa serra, de um lado ou do outro, tinha que ir buscar e o dia todo era para trazer 100, 200 litros de água para essa casa inteira. Depois que a gente veio para onde estou hoje...

OP - E qual o cenário hoje da Brisanet?


José Roberto Nogueira - Somos a terceira operadora de internet brasileira em fibra óptica e, no Nordeste, somos a primeira. Em infraestrutura de fibra óptica, a tecnologia pode ser rádio, cabo metálico e fibra. A infraestrutura do futuro é fibra com 5G complementar, então, a fibra é algo que tem que chegar a todas as cidades brasileiras. E essa tecnologia é o futuro da infraestrutura, a Brisanet já é a primeira no Nordeste, mesmo estando presente apenas em quatro estados: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Só que nós atingimos esse market share como primeiro nos quatro estados, independentemente de tecnologia, entre grandes e pequenos operadores. Incluindo a fibra, nós somos o primeiro de todos os estados do Nordeste. A Brisanet conseguiu essa liderança com esse foco, o DNA de construir no interior e seguindo para as capitais.

OP - Quais as transformações que já ocorreram em Pereiro depois que a Brisanet chegou? Vocês empregam quantas pessoas hoje?


José Roberto Nogueira - Assim como em qualquer cidade do Nordeste, o meio de sobrevivência teoricamente é agrícola, mas não é agrícola. A agricultura de hoje não dá suporte ao padrão de vida que as pessoas têm. O maior dinheiro que circula nas pequenas cidades do Nordeste são as aposentadorias na zona rural, que dá R$ 1 mil reais por mês e na agricultura gera menos de R$ 2 mil por ano. Então, a agricultura está ainda no DNA das pessoas mais idosas e esse dinheiro da aposentadoria gira no pequeno comércio e no setor público por conta do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e algumas obras federais. Agora, em Pereiro e cidades vizinhas, algumas coisas começam a mudar. Em 1995, levei 20 moleques da região, transformei em técnicos de manutenção de computadores e começou o processo de um ensinar para o outro. Em 2019, nós contratamos 1900 novos funcionários na Brisanet e terminamos o ano com 4,4 mil funcionários. Vamos terminar este ano com 6 mil colaboradores. Só onde estou agora, neste ponto, a 18 km de Pereiro, na roça, trabalham 1,4 mil pessoas. A maioria é daqui mesmo e alguns ficam itinerantes. Neste momento, quem está puxando os cabos em Fortaleza, fazendo fusão, quem está construindo os cabos, é o pessoal daqui de Pereiro. Agora, em Fortaleza, a gente está contratando 700 funcionários, mas são aqueles que vão ficar em escritório, fazer manutenção no cliente, instalação, equipe de venda, porta a porta, manutenção da construção da cidade.

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