Fotos de turistas e cearenses serão usadas para monitorar litoral do Estado
Por meio das imagens compartilhadas pela comunidade, os cientistas podem calcular informações do litoral cearense, como erosão do mar, quantidade de lixo marinho e riscos de desabamento de falésias
00:54 | Jun. 16, 2021
Fotos feitas por turistas e cearenses do litoral do Estado serão usadas na plataforma CoastSnap Ceará, no projeto que monitora mudanças na zona costeira por meio de imagens compartilhadas e que será lançado oficialmente na próxima sexta-feira, 18, às 9 horas, na Praia do Pacheco, em Caucaia. Na ocasião, será inaugurada a primeira base fixa, que deve reunir as contribuições e servir de base de dados científicos.
O evento acontecerá em frente ao La Suite Praia Hotel com a presença do secretário Estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno. Além do Município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, os Municípios de Acaraú, Itarema e Icapuí, solicitaram bases fixas do projeto em algumas de suas praias.
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O secretário informou ao O POVO que a expectativa é de que todos os Municípios do litoral cearense possam aderir às bases fixas do projeto em uma ou várias de suas praias e que a iniciativa faz parte de um programa que prevê que sejam lançadas até o próximo ano uma série de ações de monitoramento da zona costeira.
Segundo o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e cientista-chefe do Meio Ambiente do Ceará, Marcelo Soares, o método desenvolvido pelos pesquisadores australianos contribui de forma rápida e de baixo custo para o monitoramento do litoral cearense, que se estende por 573 quilômetros e 20 Municípios, além de engajar a população local e os turistas “a produzir ciência”.
Ele ressalta, ainda, os benefícios do programa para o Estado: “nós, cientistas, em parceria com a Sema (Secretária do Meio Ambiente) e a Funcap (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), utilizamos as fotos para calcular a erosão das praias, o avanço do mar, os riscos de desabamento de falésias, quantidade de lixo marinho no litoral e a quantidade de banhistas. Tudo isso contribui para o embasamento de políticas públicas para todo o Ceará”.
Como compartilhar
A comunidade e os turistas podem compartilhar as fotos em suas redes sociais via QR Code, utilizando a hashtag #coastsnappacheco ou marcando o perfil @cientistachefemeioambiente no Instagram.
O projeto será realizado pela UFC, por meio do Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), a Sema, a Funcap e o Water Research Laboratory, da Universidade de Nova Gales do Sul (USNW - Austrália).
Além disso, está integrado aos programas de Planejamento Costeiro e Marinho do Ceará (PCM) e Sistema de Informações Geográficas (SIG Ambiental) do Ceará, do Programa Cientista Chefe Meio Ambiente.
Ciência cidadã
O CoastSnap é um projeto de ciência cidadã global. Foi criado em 2017 por pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, e teve suas primeiras estações de monitoramento instaladas nas praias de Sydney. A proposta consiste em uma plataforma para que os membros da comunidade capturem imagens da praia de uma posição fixa usando seus smartphones e compartilhem as imagens em redes sociais.
O objetivo do programa é aproveitar as informações compartilhadas em algo que pode ser útil para as comunidades costeiras, para entender como os litorais estão mudando ao longo do tempo, devido ao aumento do nível do mar, tempestades extremas ou por outros fatores. Essas informações são usadas para melhorar a maneira como os litorais são gerenciados no futuro.
O aplicativo CoastSnap está disponível para download gratuito no Google Play e no App Store, e outras informações podem ser acessadas no site oficial do projeto.