Aumento de área livre de praga favorece investimento estrangeiro no Ceará

Segundo estimativas da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), a expansão deve gerar de imediato um aumento mínimo de 5% na produção de melão, melancia e abóbora no Estado

O acréscimo de toda a área dos municípios de Fortim e Tabuleiro do Norte, bem como do distrito de Aruaru na região cearense considerada livre da praga "Anastrepha grandis", conhecida como mosca-das-cucurbitáceas sul-americana ou mosca das frutas, irá incentivar investimentos estrangeiros no Estado.

A expansão foi reconhecida por meio da portaria nº 305 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que também revalidou as cidades de Aracati, Jaguaruana, Icapuí, Itaiçaba, Limoeiro do Norte, Palhano, Quixeré e Russas como livres da praga.

O reconhecimento nacional e internacional entrará em vigor a partir de 1º de junho. Segundo estimativas do presidente da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Luiz Barcelos, a expansão deve gerar de imediato um aumento mínimo de 5% na produção de curcubitáceas -  melão, melancia e abóbora - no Ceará. Ele acrescenta que muitos produtores já possuem fazendas na região e outros já estão se organizando para comprar terras e iniciar os investimentos na área.

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"Já tem alguns espanhóis vindo aqui na região produzir melão, alguns já instalados. Já temos muita gente de olho sim, existe um potencial muito grande de crescimento de investimentos estrangeiros e também de brasileiros", complementa. Luiz destaca ainda que o potencial de produção pode aumentar fortemente a depender de obras de infraestrutura como a transposição do rio São Francisco e do aporte de recursos hídricos disponíveis.

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O pensamento é reforçado pelo secretário executivo do Agronegócio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet), Silvio Carlos Ribeiro: “A expansão dessa área livre da praga irá gerar uma visibilidade internacional muito boa e haverá o fortalecimento dos negócios já existentes, claro, mas eu também espero e acredito que iremos receber novos investidores, principalmente empresas internacionais”.

Entre os mercados internacionais que os produtores cearenses estão tentando abranger estão Chile, Argentina, China e Estados Unidos. Outros dois países, sendo eles o Vietnã e Filipinas, já iniciaram as negociações com produtores do Estado para realizar exportações. “Países que estão abrindo o mercado agora exigem a certificação de ausência da praga e expandir nossa área com esse reconhecimento é a base para possibilitar a conquista desses mercados”, detalha Luiz Barcelos.

“O que queremos é fortalecer a economia cearense levando renda e emprego para o campo”, afirma Silvio. Ele destaca ainda que no primeiro semestre de 2021 houve um aumento de 26,5% no volume de exportação de frutas no Ceará com relação ao ano passado e que com a nova expansão a expectativa é que em 2022 o saldo positivo seja ainda maior. “A partir de junho iremos implementar ainda uma série de projetos de culturas não famosas, com foco em incentivar produções que não demandem tanta água e que sejam vendidas a um mercado mais específico e com grande lucro para produtores”, acrescenta.

O secretário frisa ainda que a expansão da área no Ceará, sendo a única existente na América Latina, foi fruto de uma grande articulação técnica entre entidades de fiscalização local e nacional, como a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) e o Mapa e com os países interessados.

Ao todo foram necessários dois anos para que a expansão fosse conquistada e reconhecida. O procedimento não usa agrotóxicos e utiliza a montagem de armadilhas com atrativos biológicos para moscas em todas as áreas que se tem interesse de constatar a ausência da praga.

“É um processo árduo, realizamos fiscalizações semanais para verificar as armadilhas em busca da presença da Anastrepha. Todos os dados são auditados frequentemente, temos que ficar monitorando e fiscalizando continuamente para manter a área livre da praga”, explica a diretora de prevenção da Adagri, Neiliane Borges.

Os incentivos para o setor e a expectativa de crescimento com as novas áreas livres da “Mosca da fruta” devem impactar positivamente a próxima grande safra no Estado. Em paralelo a isso, conforme detalha Neiliane, a busca por uma contínua expansão da área livre da praga está sendo implementada, “para atender novas demandas do setor produtivo”.

Ela destaca que o restante da área do município de Morada Nova e toda região de Alto Santo, São João do Jaguaribe e Ocara tiveram monitoramento solicitado por produtores, para que tais áreas possam futuramente também ser registrada como livre da praga.


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