Pix: aprenda a não cair em golpes

Geralmente, criminosos utilizam WhatsApp clonado ou falso e se passam por funcionários de banco

11:17 | Mai. 12, 2021

Por: Carolina Parente
Pix é o pagamento instantâneo brasileiro (foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Com a grande adesão ao sistema de pagamento instantâneo brasileiro Pix, a nova forma de movimentar dinheiro está atraindo a atenção de golpistas. Por ser uma ferramenta prática, gratuita para pessoas físicas e barata para empresas, a tecnologia se tornou um importante meio de realização de transações bancárias.

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Segundo o Banco Central, desde o lançamento, de 16 de novembro de 2020 até 15 de dezembro de 2020, foram realizados 92,5 milhões de Pix que movimentaram R$ 83,4 bilhões. Em abril de 2021, a quantidade acumulada de usuários que já fizeram ou receberam pelo menos um Pix é de 126.414.297 de pessoas físicas e 9.207.227 de pessoas jurídicas.

Para se ter uma ideia do volume financeiro das transações liquidadas por meio da tecnologia, no mês passado, dentro e fora do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), considerando as ordens de pagamentos e devoluções, o número superou R$ 307 bilhões repassados em um total de 478.592.174 de transferências.

Devido às vantagens oferecidas pelo Pix, a sua popularidade vem aumentando a cada mês e, de acordo com Marcelo Pereira, administrador com foco em economia, banco digital e fintechs, com o uso disseminado da ferramenta, a variedade de golpes também cresceu.

Ele afirma que as táticas para fisgar vítimas são criativas e, portanto, é preciso suspeitar de ofertas tentadoras para evitar ciladas. “Desconfie de preços muito abaixo do normal, jamais compartilhe seus dados com estranhos, não clique em links suspeitos recebidos por SMS, WhatsApp, e-mail ou redes sociais e não acredite em ‘bugs’ ou outras falhas que vão lhe dar dinheiro”.

Para escapar de golpes é necessário ainda conhecê-los. Por isso, O POVO consultou o educador financeiro William Ribeiro, CEO da Dinheiro Com Você, sobre as principais fraudes que vêm sendo aplicadas e como se proteger delas.

Whatsapp clonado

Qualquer pessoa que tenha acesso ao número de celular capturado em grupo de Whatsapp pode simular uma transferência via Pix. Caso essa seja a chave da vítima, o criminoso terá acesso ao nome completo e ao banco em que ela tem conta.

Sabendo os dados da vítima, o golpista fará contato com ela fingindo ser funcionário do banco. Ele dirá que, por motivos de segurança, será enviado um código por SMS que se trata, na realidade, do código do Whatsapp com o qual o golpista poderá clonar a conta no aplicativo por onde pedirá dinheiro emprestado aos amigos e familiares da pessoa.

Como se proteger: Para evitar a clonagem do WhatsApp, deve-se habilitar no aplicativo a opção de segurança "Verificação em duas etapas''. Caso tentem clonar seu Whatsapp, mesmo que tenham acesso ao código que recebeu pelo SMS, não irão conseguir.

Whatsapp falso

Quando o golpista não consegue clonar o acesso ao Whatsapp da vítima, ele cria, com um número diferente, uma nova conta, passando-se pela pessoa. Em seguida, o criminoso entra em contato com os amigos e familiares a quem pede dinheiro por meio de transferências via Pix. Por fim, o golpista informa uma chave avulsa ou envia um QR Code.

Como se proteger: se algum conhecido entrar em contato de um jeito estranho, contando uma história qualquer, dizendo estar precisando de dinheiro, desconfie! Entre em contato com a pessoa por uma linha de telefone que não seja Whatsapp para confirmar se o contato foi feito por ela.

Lembre-se: caso o telefone seja realmente da pessoa, ela pode estar sendo vítima do golpe 1, em todos os casos, procure fazer contato com a pessoa por telefone.

Falso funcionário do banco

Nesta modalidade, o golpista também entra em contato com a vítima fingindo ser um funcionário do banco. No entanto, ao contrário do primeiro golpe, ele não está interessado em clonar o Whatsapp. Ele diz que entrou em contato para ajudar a vítima a cadastrar a chave Pix na instituição em que ela tem conta. Conquistando a confiança da pessoa, ele pede para fazer um teste que envolve o envio de dinheiro.

Como se proteger: este é um procedimento que não existe em nenhuma instituição bancária. Nenhum funcionário de banco liga para resolver problemas dessa natureza. Deve-se estar atento em caso de um contato em que se solicite informações pessoais.

Bug no Pix

Uma mensagem é enviada pelo Whatsapp ou e-mail informando sobre um bug no Pix que permite o ganho em dobro de valores transferidos para chaves aleatórias. A vítima, então, espalha a notícia para que, como ele, outras pessoas tenham a oportunidade de lucrar com esse “problema técnico”. Há até vídeos altamente compartilháveis, que ajudam a espalhar a informação falsa de bug no Pix, mas a mensagem é apenas uma forma de fazer as pessoas transferirem dinheiro para a conta dos golpistas.  

Como se proteger: a dica da Nubank é que não existe o tal bug do Pix ou das chaves aleatórias. Os criminosos usam a chamada “engenharia social”, o fato de que a mensagem é chamativa e altamente compartilhável, para enganar as pessoas e receber transferências. Em relação aos vídeos, veja que eles costumam ser editados ou conter truques. Para mostrar a transferência “em dobro” funcionando, por exemplo, basta que os próprios golpistas realizem duas transferências – mas mostrem apenas uma na hora de filmar. Portanto, desconfie sempre de mensagens que prometem ganho de dinheiro fácil – e, em caso de problemas ou dúvidas, entre sempre em contato com a sua instituição financeira.