Empresas podem atuar na imunização sem privilegiar "quem tem dinheiro", defende Lottenberg

O médico e empresário Cláudio Lottenberg disse ainda que a liberação da compra de imunizantes pelo setor privado pode acelerar a vacinação no País

13:28 | Abr. 12, 2021

Por: Alan Magno
Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, defende integração do setor privado de saúde na imunização contra Covid-19 no Brasil (foto: Matheus Dantas- O POVO - em 14-10-2016)

Defensor da “vacinação para todos”, o presidente do Instituto Coalizão Saúde, Cláudio Lottenberg, afirma ser a favor da liberação da compra de imunizantes para Covid-19 pelo setor privado. O médico e empresário afirma que a autorização poderia acelerar a vacinação contra o coronavírus no Brasil.

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Em entrevista para a Rádio O POVO CBN nesta segunda-feira, 12, Lottenberg defendeu a participação do setor privado ainda que fosse apenas na distribuição e aplicação do imunizante adquirido pelas entidades de saúde pública. “O privado já participa do público, ainda na assistência básica e complementar de saúde. O privado tem agilidade na compra, muitas vezes, o privado tem muita agilidade na distribuição (de vacinas)”, pondera.

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Ele calcula que o setor privado de saúde detém atualmente no Brasil cerca de 38 mil a 40 mil pontos disponíveis para vacinação. “Não defendo a vacina do setor privado, das pessoas com condições econômicas, das empresas. Eu defendo a participação dentro de um processo que possa trazer a saúde dentro dos princípios de equidade”, argumenta.

Ao frisar a participação da rede privada de atendimento à saúde nos processos de compra, distribuição e aplicação da vacina, Lottenberg diz que o Governo Federal muitas vezes já terceiriza parte desta logística. "Até que a vacina chegue na unidade básica para aplicação tem um custo. O Governo Federal já paga por isso. O privado poderia ganhar em cima disso e agir com celeridade neste processo”, afirma.

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Para o médico, a integração da rede privada no plano de imunização contra Covid-19 no Brasil pode ser benéfica, sem ferir os princípios éticos de prioridade para receber a vacina. A proposta é de: “trabalhar e colaborar em coordenação do Ministério (da Saúde), da autoridade sanitária, mas com a agilidade do sistema privado”.

Ele argumenta ainda que uma das formas de garantir que pessoas com maior poder aquisitivo não sejam beneficiadas em detrimento daquelas dos grupos prioritários para vacinação seria o uso de plataformas de transparência. “São muitas ferramentas que podem ser usadas como um impeditivo no surgimento de qualquer movimento que tente privilegiar as pessoas por conta de sua condição econômica”, complementa.

“Não seria justo, não seria eticamente aceitável, que nós, numa situação calamitosa como essa, tratássemos as pessoas dentro de uma perspectiva econômico e/ou financeira”. Lottenberg reconhece ainda as preocupações da oposição à ideia da participação privada na imunização contra Covid-19 no Brasil como “válidas e pertinentes”, mas pondera que os brasileiros “não podem abrir mão da eficiência e gestão organizada” que o setor privado detém no atendimento à saúde.