Mais de 460 mil pessoas no Ceará não têm perspectiva de entrar no mercado de trabalho

Aumento foi de 29,9% se comparados os últimos trimestres de 2020 e 2019

12:39 | Mar. 10, 2021

Por: Alan Magno
Ceará registra aumento de 29,9% no número de pessoas que não apresentam perspectiva de entrada no mercado de trabalho em 2020 (foto: Agência Brasil)

Em meio à crise sanitária gerada pela Covid-19, o cenário econômico encontra-se marcado pela incerteza e instabilidade. O contexto adverso fez com que o Ceará encerrasse o ano de 2020 computando, no último trimestre do ano, cerca de 466 mil pessoas sem nenhuma perspectiva de inserção no mercado de trabalho. O número representa um aumento de 29,9% do registrado no mesmo período de 2019 e mantém a tendência de crescimento do índice registrado em todos os levantamentos feitos no ano passado.

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As estimativas fazem parte do levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta quarta-feira, 10. O órgão define essa parcela da população como “desalentados”, aqueles que devido às condições adversas do mercado não estão mais em busca de vagas formais de emprego. A pesquisa mostrou ainda que, no Ceará, o número de pessoas desempregadas registrou o pior índice em oito anos, afetando 13,2% da população apta ao trabalho.


De acordo com relatório do IBGE, os índices elevados de desemprego e ondas de demissões, assim como os riscos associados à busca presencial por vagas de empregos constroem um contexto que contribui para o sentimento de desesperança nesta parcela da população.


O cenário cearense se espelha no contexto nacional. Com relação aos dados do Brasil, no dia 26 de fevereiro, o IBGE demonstrou preocupação diante do número de brasileiros que se encontravam sem perspectiva de contratação. Em 2020, no País, houve um aumento de 16,1% nesse grupo, totalizando 5,5 milhões de pessoas sem expectativa de se inserir no mercado de trabalho, sendo reflexo direto da pandemia de Covid-19.

Como agravante deste contexto, as contratações no Ceará caíram de forma generalizada em todos os segmentos em 2020 e foram acompanhadas por um aumento de desligamentos. O grupo de atividades de Transportes, armazenagem e correio não registrou contratações expressivas no último trimestre do ano passado, realizando corte de cerca de 3,5% nos postos de trabalho do segmento.

A Indústria geral no Estado, que fornecia emprego para cerca 451 mil cearenses nos últimos três meses de 2020, realizou a contratação de 74 mil pessoas no período. O número representa um avanço com relação aos meses anteriores, mas ainda se encontra cerca de 6,1% menor do que o registrado em 2019, com menos 29 mil contratações do que o total esperado.

A maior retração no Estado foi registrada pelo segmento de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas. O setor encerrou o ano passado empregando 680 mil cearenses, mas teve uma redução de 120 mil postos de trabalhos com relação ao registrado em 2019, uma queda de 15% nas contratações.

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Outro dado que chama atenção diz respeito à subutilização da força de trabalho. Conforme detalha o IBGE, esse índice representa o percentual de pessoas desempregadas ou que estão trabalhando com horário reduzido. No Ceará, esse índice atingiu o patamar de 38,2% no último trimestre de 2020 e expressa, para além do desemprego e baixa contratação, uma subutilização do potencial da mão de obra local.