De olho na implementação do 5G, empresa chinesa pretende investir em capacitação no Ceará
Após série de embates ideológicos, o leilão de concessão de frequências para transmissão do 5G no Brasil está previsto para julho deste ano e empresas do setor antecipam investimentosAprovado na última quinta-feira, 25, o edital que estipula as regras para o leilão de concessões de frequências para transmissão do 5G no Brasil fez empresas do segmento fortalecerem políticas de investimento no País tentando antecipar demandas do mercado. A multinacional chinesa Huawei, um dos maiores players da produção de equipamentos para transmissão e recepção do sinal 5G do mundo, pretende investir em capacitação técnica de mão de obra no Ceará dentro da política de parcerias com instituições de ensino, que confere protagonismo ao Nordeste.
Thiago Lopes, diretor regional da Huawei, revelou a informação com exclusividade durante realização do programa Debates do POVO desta segunda-feira, 1º, pela Rádio O POVO CBN. O gestor pontuou que diante do início da implementação do novo modelo de tráfego de dados no País, será necessário que as empresas invistam na qualificação técnica de trabalhadores para que o processo se torne viável.
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“A Huawei está com programas para transferir conhecimento para a população, capacitando talentos para as futuras oportunidades e também ajudar a sociedade a combater essa questão do desemprego em massa”, afirmou o representante da companhia ao declarar que os investimentos em tais ações serão fortalecidos de modo a se ter um resultado consolidado a partir da realização do leilão previsto para ocorrer até julho de 2022.
A companhia chinesa já investiu US$ 89 bilhões em dez anos para estudos do 5G, nos quais houve a instalação de dois centros de produção no Brasil, e pretende dar suporte técnico para as operadoras que vencerem o leilão para primeira instalação da tecnologia no país. Thiago pontuou ainda que dentro das ações da empresa, que busca se antecipar para demandas pós leilão do 5G, estão previstas a construção de centros de treinamento tecnológico em cidades chaves e elencou Fortaleza dentre as sondadas para receber os investimentos, ao definir a Capital como um "hub de conectividade".
Buscando fortalecer o investimento na especialização de trabalhadores, Thiago afirma que a global chinesa já está adotando uma política de parceria com instituições públicas de ensino superior e técnico do país. Nesse sistema, a Universidade Federal do Ceará (UFC), assim como a estadual (Uece) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE) integram o grupo de parceiros que devem ter as ações de desenvolvimento fortalecidas em um curto espaço de tempo.
Definindo o Nordeste como central em suas ações de investimento, a empresa chinesa concentra 60% das parcerias com instituições de ensino na região. “Nossos estudos mostram que nos estados do Nordeste haverá uma maior defasagem entre a demanda pela mão de obra especializada e a oferta, assim, queremos impulsionar o surgimento desses profissionais”, detalhou Thiago projetando ações para o futuro frente uma reformulação no perfil profissional demandado pelo mercado de trabalho.
O 5G deve gerar ainda uma onda de geração de empregos indiretos, associados a necessidade da criação de redes de redistribuição de sinal com uma maior infraestrutura e articulação entre si, assim como a necessidade de implementação de uma malha maior de fibra óptica para pleno funcionamento da nova tecnologia. Após esse período, que deve ocorrer em até dois anos, Thiago estima que haverá uma crescente necessidade de profissionais capazes de gerenciar processos automatizados e também dar manutenção em dispositivos cada vez mais autônomos.
Presente no debate, o especialista em direito internacional e coordenador do núcleo de estudos Brasil-China da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, Evandro Menezes de Carvalho, comemora o avanço nos debates sobre o 5G no país. “Finalmente passamos pela discussão dos termos do edital do leilão e agora a sociedade brasileira pode discutir mais sobre os desafios do 5G e quais os benefícios para o desenvolvimento nacional”, pondera ao criticar a mistura de questões de ideologia política na implementação da tecnologia no país.
Na avaliação de Evandro, questões geopolíticas, acompanhadas de fake news foram grandes entraves para chegada do 5G no Brasil, resultando em um atraso no desenvolvimento nacional. O especialista critica ainda as informações falsas que circulam sobre um possível uso da tecnologia para espionagem por parte da empresa chinesa Huawei.
“No momento em que você traz assuntos de segurança nacional para uma questão que deveria ser tratada exclusivamente na ótica comercial, Você contamina o processo de regulação, de pensar formas de gerir essa questão no plano interno e o pior, contamina com base em acusações sem provas, sem qualquer evidência", comentou.
Frente aos investimentos que começam a ser estudados no país, Evandro celebra a questão da competitividade entre as empresas. "É importante para o mercado que os players possam disputar igualmente o consumidor, para que um melhor produto, a um melhor preço chegue em todo o Brasil", avaliou ao frisar a importância das pessoas se apropriarem das novas tecnologias.