Após reunião com Ford, MPT cria grupo para coordenar 3 inquéritos sobre a empresa

Com base nesses três processos, foi criado Grupo Especial de Atuação Finalística (Geaf) por meio do qual as procuradoras do Trabalho que comandam os inquéritos na Bahia, Ceará e São Paulo poderão atuar de forma "coordenada e estratégica"

15:14 | Jan. 14, 2021

Por: Agência Estado
Trabalhadores da montadora norte-americana Ford participam de um protesto em frente à fábrica da Ford em Camaçari, estado da Bahia, Brasil, em 12 de janeiro de 2021. - A montadora Ford disse que as perdas exacerbadas pela epidemia de coronavírus fariam com que fechasse suas três fábricas no Brasil, onde ele opera há um século, encerrando cerca de 5.000 empregos. (Foto de RAFAEL MARTINS / AFP) (foto: RAFAEL MARTINS / AFP)

O Ministério Público do Trabalho (MPT) vai acompanhar de perto os desdobramentos do encerramento das atividades da Ford no Brasil. Após reunião com representantes da multinacional na manhã desta quinta-feira, 14, o órgão criou um Grupo Especial de Atuação Finalística (Geaf) para monitorar os impactos do fechamento de três fábricas da companhia norte-americana, que podem afetar até 5 mil trabalhadores.

De acordo com o MPT, já existem três inquéritos civis abertos nas regiões onde a Ford deixará de produzir.

Na segunda-feira, 11, a montadora americana anunciou o fechamento das fábricas em Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka; Taubaté (SP), que produz motores; e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.

Com base nesses três processos, foi criado o Geaf por meio do qual as procuradoras do Trabalho que comandam os inquéritos na Bahia, Ceará e São Paulo poderão atuar de forma "coordenada e estratégica" para mitigar os impactos da decisão da Ford.

Por meio de nota, o procurador-geral do MPT, Alberto Balazeiro, demonstrou preocupação com os reflexos sociais e com a empregabilidade dos trabalhadores da empresa após o fim das atividades nas três unidades. Ele ressaltou que existe toda uma cadeia produtiva do entorno da empresa que também será atingida.

Pela Ford, participaram da reunião o diretor jurídico da companhia, Luís Cláudio Casanova, o gerente de Relações Governamentais, Eduardo Freitas, e três advogados da empresa.

Segundo o MPT, os representantes da montadora repetiram os argumentos que a empresa vem sustentando para justificar sua saída do Brasil, e se comprometeram em encaminhar ao Ministério Público do Trabalho todas as informações requisitadas sobre as demissões.

Entre os representante do MPT, estiveram presentes na reunião as procuradoras do Trabalho Flávia Vilas Boas de Moura, Valdenice Amália Furtado e Celeste Maria Ramos Marques Medeiros, que conduzem os inquéritos civis na Bahia, Ceará e São Paulo, respectivamente, o coordenador nacional e o vice-coordenador nacional de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social (Conalis) do MPT, Ronaldo Lima dos Santos e Jefferson Luiz Maciel Rodrigues, respectivamente, o secretário-jurídico da Procuradoria-Geral do Trabalho, Afonso de Paula, e o subprocurador-geral do MPT, Luiz da Silva Flores.

O secretário especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, e o secretário de Trabalho, Bruno Dalcolmo, também participaram da reunião virtual.

O Ministério da Economia já iniciou conversas para apoiar a recolocação dos trabalhadores da Ford que vão perder o emprego com a saída da montadora do Brasil. Uma das possibilidades é a criação de um programa específico para ajudar esse grupo de trabalhadores altamente qualificados.

No Ceará o governo estadual criou grupo de trabalho com o setor industrial, Ministério da Economia e com a própria Ford para tentar manter a marca Troller em Horizonte e, consequentemente, garantir a manutenção dos empregos da planta