Venda de fogos de artifícios em Fortaleza dispara em dezembro, mas cai mais de 80% quando comparada a 2019

Apesar do aquecimento observado em alguns comércios que vendem o produto na Capital, as vendas ainda estão inferiores ao que era observado no mesmo período do ano passado; Os artifícios com baixo ruído estão entre os mais procurados

Tradicionalmente utilizados nas celebrações de Réveillon, os fogos de artifício tiveram um aumento nas vendas em algumas lojas de Fortaleza durante este mês de dezembro, quando comparadas aos demais meses do ano. Já em relação ao mesmo período de 2019, contudo, o comércio desses itens na Capital apresentou uma queda de mais de 80% das vendas, como consequência de impactos provocados pela pandemia da Covid-19. Os dados foram apurados pelo O POVO, que ouviu comerciantes da área.

Celina Mota, proprietária da empresa Fogos Aquarela, afirma que o mês de dezembro é normalmente o que mais registra a procura de clientes por esses tipos de artefatos, devido ao período de fim de ano. Até esta terça, a loja da comerciante já tinha registrado um aumento de mais de 90% das vendas do produto, quando comparado ao apurado em novembro.

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Por trás dessa elevação, no entanto, há uma crise econômica proporcionada pelo impacto que a pandemia trouxe aos comércios da área. Isso porque, quando as vendas deste mês são comparadas às que foram registradas no mesmo período de 2019, o índice mostra uma queda de mais de 80% da comercialização do artefato na loja.

De acordo com Celina, a empresa costumava negociar os fogos de artifícios com cerca de 25 prefeituras, que utilizavam os itens nas festas públicas de Réveillon. Neste ano, devido às medidas sanitárias impostas contra a pandemia - sendo uma delas a proibição de eventos desse porte, a loja não fechou contrato com órgãos desse tipo.

Até mesmo outros clientes que costumavam buscar pelo produto nessa época, como as pessoas que realizavam festas nos interiores, deixaram de comprar por conta da pandemia. Segundo a proprietária, como ela havia realizado a compra dos produtos antes mesmo da crise sanitária ter início no Estado, o baixo índice das vendas fez com que acumulasse um prejuízo de mais de R$ 100 mil.

"No ano passado, nessa altura, a loja já estava conseguindo pagar todos os cheques de janeiro, esse ano ainda não pagamos nem um quinto", destaca a comerciante. Ainda segundo ela, muitos fabricantes faliram e o fornecimento desse tipo de produto também acabou sendo prejudicado.

A realidade não é muito distante da que Ednaldo Caramuru, dono da Casa de Fogos Caramuru, vive. Conforme o empresário, nessa época do ano normalmente é registrado um aumento de 80% das vendas do produto, mas neste mês a elevação foi de apenas 40%. Apesar de considerar como "bom" o aumento da comercialização, o proprietário classifica que o índice ainda está "longe do normal".

Entre os clientes que deixaram de procurar pelo produto, segundo o comerciante, estão consumidor que se reúne com a família, as pousadas e os hotéis. No contexto da pandemia, cuja aglomeração é o principal vetor de disseminação do vírus, tantos consumidores físicos como jurídicos têm evitado realizar eventos festivos e, como consequência, deixando de procurar pelo artefato.

A baixa procura também foi sentida por Alexandra Nogueira, dona da empresa Planeta de Fogos, que afirma ter vendido neste mês um número de fogos de artifícios 80% menor ao que vendeu no mesmo período de 2019. Quando o índice de vendas é comparado aos demais meses deste ano, contudo, a empresária  percebeu um aumento de quase 100% das vendas.

Cresce a busca por fogos com baixo ruído

Já quando o assunto é o perfil do produto mais procurado neste mês, a proprietária afirma que cresceu o número de pessoas que buscam por fogos de artificio que emitem pouco barulho. Alexandra pontua que, dentre todos os itens vendidos no período pela loja, cerca de 50% se encaixavam nesse perfil.

"Esse ano está sendo diferente de todos, as pessoas que estão comprando (com barulho) são as que vão soltar em sítios, fazenda, lugares bem remotos, distantes de público (...) Os de baixo ruído são aquelas que vão passar na Capital ou próxima do público", pontua a empresária.

Entre os motivos que levaram ao aumento da busca por esse tipo de artefato, Alexandra destaca a proteção aos animais que se assustam com esse tipo de barulho, como os cachorros. De acordo com a empresária, ainda são dadas orientações no momento da venda de fogos com ruído, para evitar que animais acabem se machucando no momento das celebrações.

Para o empresário Ednaldo Caramuru, que também notou o aumento na venda dos artifícios com baixo ruído, além da questão dos animais esse índice também foi provocado por uma mudança de comportamento. "O pessoal está mudando essa ideia de que quanto mais barulho melhor, e a gente também tá mudando essa consciência (...) os fabricantes estão diminuindo o som dos artefatos", pontua o comerciante.

 

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