Jornalista da Reuters sofre prisão arbitrária de 14 dias na Etiópia

Kumerra Gemechu, de 40 anos, que trabalha como cinegrafista freelancer para a Reuters há uma década, foi detido em sua casa na quinta-feira à noite,

08:21 | Dez. 28, 2020

Por: AFP

Um jornalista etíope que trabalhava como freelancer para a agência de notícias Reuters foi detido na última quinta-feira em Adis Abeba e ficará preso por 14 dias - anunciou a empresa de comunicação nesta segunda (28).

 

Kumerra Gemechu, de 40 anos, que trabalha como cinegrafista freelancer para a Reuters há uma década, foi detido em sua casa na quinta-feira à noite, "na frente de sua esposa e filhos", por "cerca de dez policiais armados", disse a agência em um comunicado.

 

"Na sexta-feira, em uma curta audiência sem advogados, um juiz ordenou a detenção de Kumerra por mais 14 dias, para dar tempo à polícia para investigar", disse a família do cinegrafista, segundo a Reuters.

 

Seu telefone, um computador, discos rígidos e documentos foram apreendidos de sua casa, acrescentou a família.

 

"Nenhuma explicação foi dada à família pela prisão", e "a polícia não respondeu às consultas da Reuters", continuou a agência.

 

A Reuters indica que não foi possível determinar se a prisão de Kumerra está ligada à sua cobertura do conflito na região etíope de Tigré e lembra que as autoridades etíopes "acusaram a Reuters e outros meios de comunicação [...] internacionais de cobertura 'falsa' e 'desequilibrado'" deste conflito.

 

O governo da Etiópia lançou uma operação militar em 4 de novembro nesta região dissidente no norte do país para expulsar líderes locais, que desafiavam sua autoridade há meses.

 

"Os jornalistas devem ser capazes de cobrir as notícias de interesse público sem medo [de sofrer] intimidações, ou ataques físicos, onde quer que seja. Não abandonaremos nossos esforços até que Kumerra seja libertado", disse o editor-chefe da agência, Stephen J Adler.

 

A Etiópia está na 99ª posição de 179 em termos de liberdade de imprensa na classificação anual da ONG Repórteres Sem Fronteiras.