Falta de mão de obra qualificada impacta 51% das indústrias do Ceará

Estudo feito pelo Observatório da Indústria da Fiec mostra que, das empresas que relataram essa dificuldade, 66% apontaram o impacto direto na busca por produtividade

No Ceará, a falta de mão de obra qualificada afeta 51% das indústrias. O que também repercute diretamente na produtividade e na competitividade das empresas. É o que mostra o estudo Sondagem Especial divulgado nesta segunda-feira, 26, pelo Observatório da Indústria da Federação da Indústria do Ceará (Fiec), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar do dado alarmante, a situação já foi bem pior. Em 2013, ano do estudo anterior, 61% das indústrias apontavam que tinham alguma dificuldade em encontrar profissionais qualificados para a formação de seu quadro de funcionários.

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“Os resultados desta Sondagem Especial mostram que o problema da falta de trabalhador qualificado ainda persiste no Ceará nos últimos anos. Essa escassez é particularmente problemática por consistir um entrave à produtividade e competitividade do setor privado. Todo processo de catching-up (convergência) de desenvolvimento econômico necessariamente perpassa pelo aumento desses dois quesitos”, afirma o estudo.

104 empresas participaram da pesquisa

O período de coleta dos dados foi de 1º a 11 de outubro de 2019 e contou com a participação de 104 indústrias cearenses. Naquela época, 11,6% das pessoas com idade para trabalhar e que estavam ativamente na busca pelo emprego, não conseguiram ingressar no mercado de trabalho.

O levantamento mostrou que as indústrias de pequeno porte são as mais afetadas, com 55% das empresas desse porte indicando a dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados. Mas essa é uma barreira também entre as grandes empresas (50%) e as médias (48%).

Das indústrias que apresentaram dificuldade com a escassez de mão de obra qualificada, 66% apontaram o impacto direto na busca por produtividade. Esse dado já foi maior em 2013, quando o percentual de empresas afetadas em sua produtividade ultrapassava 80%.

Dentre outros problemas relacionados estão a dificuldade de melhorar a qualidade dos produtos (59%), desenvolver novos produtos (28%), ampliar as vendas (30%), adquirir ou absorver novas tecnologias (25%), entre outros.

Ações estratégicas

Dentre as empresas que relataram a falta de trabalhador qualificado como um problema, 94% afirmaram ter ações estratégicas para lidar com essa situação. Para elas, a ferramenta mais utilizada foi a realização de treinamentos na própria empresa, com 63%, seguido pela capacitação em cursos externos, escolhida por 45%. Se comparado com o resultado observado em 2013, houve uma queda de 19 pontos percentuais de empresas que afirmaram realizar capacitação interna de seus funcionários.

A pesquisa também mostrou que, em 2019, o principal fator apontado pelas empresas como dificuldades para investir em qualificação foi o pouco interesse dos trabalhadores (57%), seguido pela má qualidade da educação básica que prejudica a qualificação dos trabalhadores (55%), altos custos dos cursos necessários (49%), e a impossibilidade de liberar o trabalhador para fazer cursos (6%).

O estudo alerta, no entanto, que no atual contexto de crise global em decorrência da pandemia de Covid-19, a falta de trabalhador qualificado pode dificultar ainda mais a retomada econômica. “Aumentar a produtividade é fundamental para que as empresas consigam alcançar os padrões anteriores à crise. Para tanto, os trabalhadores qualificados são um requisito indispensável".

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