Campos Neto cita mudanças nas projeções de PIB em 2020, para retração menor
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, destacou nesta segunda-feira, 19, durante evento virtual, que as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 atualmente indicam um recuo menor que o esperado no início da pandemia do novo coronavírus.
De fato, pelo Relatório de Mercado Focus, publicado na manhã desta segunda-feira pelo BC, as projeções para o PIB este ano sugerem retração de 5,00%. Nos primeiros meses da pandemia, algumas casas chegaram a calcular uma queda de dois dígitos em 2020.
Em sua fala, Campos Neto também destacou que "várias coisas" estão acontecendo na área de tecnologia. No caso específico do Brasil, ele citou o lançamento do PIX - o sistema de pagamentos instantâneos, marcado para novembro. Além disso, o presidente do BC voltou a destacar a agenda de sustentabilidade da autarquia, incorporada recentemente na agenda BC#, de ações estratégicas.
O presidente do BC também afirmou que o Brasil está no processo de reversão das medidas econômicas adotadas durante a pandemia do novo coronavírus. Como em declarações anteriores, ele alertou para o risco fiscal e para a necessidade de as ações de estímulo serem revertidas para que o País retome o equilíbrio.
Campos Neto fez ainda um rápido resumo das ações do governo antes da pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, o Brasil estava se reinventando sob o ponto de vista de financiamento, com maior ênfase no capital privado, em substituição ao Estatal. "A ideia é ter um crescimento sustentável, com menos participação do governo", ponderou.
O presidente do Banco Central também citou uma série de medidas tomadas durante a pandemia para manter a economia em funcionamento. Entre elas, a injeção de liquidez no mercado financeiro, o aumento do crédito e a redução da Selic (a taxa básica de juros da economia), hoje em 2,00% ao ano. Campos Neto afirmou ainda que o governo lançou o maior programa de renda da história, o auxílio emergencial.
Controle de gastos
Campos Neto também disse, durante o evento virtual, que o custo fiscal para o País será maior caso o programa emergencial, adotado durante a pandemia do novo coronavírus, seja longo. Segundo ele, este custo pode ser "maior que o de fato foi gasto".
O comentário ocorre em um contexto de defesa, pelo presidente do BC, do controle das despesas do governo, passado o período mais intenso da pandemia do novo coronavírus. Campos Neto tem lembrado que o fato de as ações de auxílio do governo terem data para acabar - em dezembro deste ano - é uma boa sinalização para o mercado financeiro.
Ele também afirmou que é impossível saber, atualmente, para onde a Selic (a taxa básica de juros) vai, porque isso depende de várias questões. A fragilidade fiscal, segundo ele, é um dos fatores.
Ao tratar do câmbio, Campos Neto reconheceu que a desvalorização do real foi maior que a vista por outras moedas.
Questionado a respeito das agências internacionais de classificação de risco, ele afirmou que o rating atribuído ao País é uma questão de precificação. Para ele, não é uma questão de "brigar ou não com isso", mas de precificação.
Em outro momento, Campos Neto também voltou a defender que o País precisa de soluções privadas para problemas públicos - uma ideia que faz parte do discurso do atual governo desde o início.
Campos Neto participou nesta manhã, por videoconferência, do evento "2020 Milken Institute Global Conference", promovido pelo Milken Institute.
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