Bovespa volta a suspender negócios após queda de mais de 15%
No momento da suspensão, o índice Ibovespa atingia seu menor nível desde junho de 2018A Bolsa de São Paulo suspendeu suas operações pela segunda vez no dia, ao registrar perdas superiores a 15%, arrastada pelo pânico mundial desencadeado pelos anúncios do presidente americano, Donald Trump, para conter a pandemia de coronavírus.
No momento da suspensão, às 11h12min, o índice Ibovespa perdia 15,43%, a 72.016 pontos, seu menor nível desde junho de 2018. A primeira paralisação foi às 10h22min, quando o Ibovespa caía 11,65%. As operações serão retomadas às 12h12min. Em 23 de janeiro, o Ibovespa encerrou o pregão com um recorde histórico de 119.527 pontos. Desde então, perdeu 40%.
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A crise do coronavírus se acelerou nas últimas horas com medidas como a proibição por 30 dias de entrada nos Estados Unidos para viajantes procedentes da Europa. O presidente Donald Trump anunciou ontem essa e outras iniciativas para combater o coronavírus, incluindo cortes de impostos, mas suas palavras não convenceram os mercados.
Entre as empresas mais afetadas estão as exportadoras de matérias-primas, as cadeias de distribuição varejistas e as companhias aéreas, na linha de frente da crise sanitária que desacelerou a economia mundial. As ações preferenciais da Petrobras caíam mais de 20%. As companhias aéreas Gol e Azul perdiam em torno de 27%.
O real despencou em relação ao dólar, chegando a ser negociado pela primeira vez a R$ 5, antes que as intervenções do Banco Central controlassem a disparada a R$ 4,912. O dólar ultrapassou a barreira dos R$ 4,30 pela primeira vez em 7 de fevereiro e, desde então, não parou.
É a quarta vez na semana que a Bovespa suspende suas operações: na segunda, na quarta e nessa quinta-feira, em aplicação do mecanismo de "Circuit breaker", que bloqueia as negociações por meia hora quando a queda atinge 10%. É também a quarta vez desde a adoção desse mecanismo que ocorre uma suspensão de uma hora, quando as ações caem mais de 15%. As precedentes datam de 1997 e 1998, durante a crise da dívida russa e outubro de 2008, após a falência do Lehman Brothers em meio à crise econômica e financeira global. Se a queda atingir 20%, a suspensão seria indefinida.
A crise sanitária levou o governo brasileiro a reduzir na quarta-feira sua previsão de crescimento para 2020, de 2,4% para 2,1%. Essa perspectiva é mais otimista do que a dos mercados, que reduziram suas expectativas para 1,99%, assim como dos grupos financeiros, que já trabalham com uma projeção de crescimento do PIB brasileiro inferior a 1,5% para este ano.