Consumidores começam a remanejar viagens e empresas mudam protocolos

O crescimento econômico do Brasil pode sofrer impacto negativo se país sofrer queda expressiva na demanda de viagens aéreas

Com a epidemia de coronavírus, que já registrou o primeiro caso confirmado no Brasil, a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) confirma que já há pedidos de cancelamento e de remanejamento de viagens no País, sem detalhar números. Além disso, companhias aéreas que têm voos internacionais direto de Fortaleza para o Exterior garantem que mantêm protocolos e informes de proteção sanitária.

"Os pedidos de cancelamento de viagem estão ocorrendo, sim, bem como a boa parte das pessoas estão optando por remanejar as viagens", informa a Braztoa, garantindo ainda que o setor faz recomendações para "quem está com viagem marcada ou pretende comprar".

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Já a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) frisa que ainda não contabiliza prejuízos. "O que temos feito é compartilhado com todas as agências associadas informações que nos chegam dos fornecedores/receptivo, pois as políticas de remarcações são de responsabilidades deles", informou, garantindo que tem orientado aos associados que não haja restrições, multas ou penalidades aos consumidores que optarem por alterar o destino ou o período da viagem.

Um procedimento parecido é adotado pelas operadoras de viagens CVC e Casablanca. Ambas informaram que possibilitam a alteração da viagem ou de reembolso segundo as políticas de seus fornecedores. O suporte deve ser garantido assim como esclarecimentos em caso de dúvida.

E apesar de não ter informado números de remanejamentos e cancelamentos, a companhia aérea Air Europa anunciou que permitirá a alteração de bilhetes aos passageiros que solicitarem, desde que eles tenham sido emitidos no Brasil até o dia 23 deste mês e os voos sejam até o dia 15 de março deste ano. As trocas serão permitidas para a mesma classe do bilhete original, sem aplicação de penalidade, e a nova data deve ser até 15 de junho deste ano.

Já o Grupo Air France-KLM, que possui hub aéreo em Fortaleza para Paris, Amsterdã e conexões, garantiu que tem monitorado a evolução do vírus em tempo real e trabalha em "estreita colaboração com as autoridades sanitárias nacionais e internacionais".

Por ora, a Latam afirma que não registrou um impacto econômico significativo após confirmação de caso do coronavírus no Brasil, mas diz que "segue atenta ao tema". Quanto a questões de segurança sanitária, a companhia informou que está "preparada para ativar o protocolo da Anvisa" caso exista suspeita da enfermidade a bordo de seus voos".

A Gol também alegou que não há efeitos financeiros. Segundo a aérea, em caso de um paciente infectado ser confirmado durante embarque, a "empresa pode impedi-lo de voar como forma de zelar pela saúde e segurança dele e dos demais viajantes, seguindo os protocolos alinhados com o agente sanitário".

Impacto Econômico

O cancelamento e remanejamento de viagens devido a epidemia do novo tipo de coronavírus em alguns países podem provocar a primeira queda na demanda global de viagens aéreas desde 2009, resultando em perda de US$ 29 bilhões para a indústria, segundo Associação Internacional de Transporte Aéreo. Dados divulgados pela entidade mostram que mais de 200 mil voos já foram cancelados desde a disseminação do vírus.

Esse "impacto bruto", segundo o economista Alex Araújo, pode acontecer no Brasil a depender da evolução dos números confirmados da patologia no País. " As pessoas estão cada vez mais com medo de aglomerados, devido aos riscos de transmissão do vírus. Isso faz com que elas evitem viagens, o que tende a ser recorrente conforme o aumento de pacientes".

Ainda segundo Alex, cancelamentos e remanejamentos de viagens têm um "efeito multiplicado", pois envolvem uma cadeia que engloba, entre outros, eventos e hospedagens. "A viagem aérea é apenas o primeiro passo. Na semana de moda em Milão, por exemplo, muitas pessoas cancelaram o voo devido à epidemia". Para ele, o crescimento econômico do Brasil pode piorar se o País "sofrer queda expressiva na demanda de viagens aéreas".

Casos

Desde que o novo tipo de coronavírus foi identificado em Wuhan, na China, no ano passado, já foram confirmados até início desta semana mais de 80 mil casos da doença no mundo, com cerca de 2.660 mortes no total. Já o primeiro caso do novo vírus confirmado pelo Ministério da Saúde no Brasil foi registrado na cidade de São Paulo. Ceará possui cinco suspeitas, sendo elas nos municípios Crateús (1) e Fortaleza (4).

Após a confirmação da patologia no Brasil, de um homem que teria voltado recentemente da Itália, país que passa por uma epidemia do novo vírus, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ao O POVO que aumentou a criticidade no monitoramento de voos internacionais de países onde há casos confirmados da doença.

Colaborou Beatriz Cavalcante

 

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