Quixeramobim formaliza situação de 4 mil operários e lidera na geração de vagas de emprego
A regularização de vínculos em Quixeramobim originou-se através de uma fiscalização do Ministério do Trabalho (MTE)
23:20 | Jul. 30, 2018
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregos (Caged) e do Ministério do Trabalho (MTE), o município de Quixeramobim, segunda maior cidade do Sertão Central Cearense, criou 5.240 empregos formais nos últimos 12 meses. A geração só foi possível porque a Cooperativa de Calçados Quixeramobim (Cocalqui) regularizou e assinou as carteiras de trabalho de 4 mil funcionários, que antes trabalhavam em situação irregular.
Com a formalização desses trabalhadores, a cidade passou para o topo no ranking dos municípios brasileiros que mais geraram vagas em proporção ao tamanho da população. Quixeramobim possui atualmente uma população de 78.658 habitantes, isso quer dizer que, durante o período, o município gerou o equivalente a sete vagas de trabalho para cada 100 moradores.
O levantamento foi realizado pelo Jornal Valor Econômico que levou em consideração um recorte dos municípios com 30 mil habitantes ou mais. Com isto, beneficia desde cidades de pequeno porte até grandes metrópoles. O jornal destacou várias inspeções, entrevistas e exames que revelaram que, na prática, os funcionários da Cocalqui ja atuavam como empregados, e não como cooperados. A fábrica produz calçados que são destinados à Angier, que comercializa tênis para a Nike.
"Examinando uma série de constatações, vimos que a relação era de empregados. A Angier tinha câmeras dentro da cooperativa para acompanhar os trabalhos", destacou o auditor Francisco Eudes Gomes Júnior ao Valor Econômico.
Devido a importância econômica da atividade para Quixeramobim, os auditores fiscais decidiram por instaurar um “mesa de entendimento”. O objetivo é de regularização da situação do local, que está previsto na legislação. Através dessa iniciativa, a cooperativa realizou uma assembleia para os próprios cooperados que optaram em se transformar em celetistas, o que influenciou as estatísticas de empregos formais do município.
A Aniger
A Aniger, quando procurada, informou que a alteração da condição de trabalho de cada cooperado para celetista na Cocalqui foi feita por meio de decisão da própria cooperativa em uma assembleia geral. Por email informou que "em nenhum momento durante estes 23 anos, houve irregularidade na relação comercial entre a nossa empresa e a cooperativa".
A média nacional do país gerou 284.875 pontos de trabalhos formais em doze meses, encerrados em maio, saldo líquido entre vagas abertas e fechadas.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
Daniela Almeida, 30 anos, é coordenadora de segurança e saúde da Cocalqui, e destaca que regularização da situação de cada operário, assinando suas carteiras de trabalho, trouxe poucos ganhos ao salário líquido ao fim do mês. Segundo ela, tiveram benefícios como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e horas extras. "Como antes éramos cooperados, o que tínhamos era o rateio e o banco de horas. Isso melhorou”, acrescentou.
Prefeitura de Quixeramobim
Segundo a chefe de gabinete da Prefeitura de Quixeramobim, Guida Pimenta, as assinaturas em cada carteira de trabalho foi uma “efetivação histórica”. "Era a crítica que existia contra a fábrica, que trouxe muito desenvolvimento para a cidade. Vim nova para o sertão e fiquei. Hoje sou pós-graduada em serviço social e organizacional. E foi a renda da fábrica permitiu isso", conta.