Para a FGV, alta recente do dólar não deve influenciar inflação no início de 2016
"A valorização do dólar agora não é um salto, nem algo que dê indicação que seja permanente. É um fato novo, por enquanto, não é algo que a indústria se mexa rapidamente. Não vejo risco de repasse imediato. O movimento no câmbio agora tem mais a ver com questões externas do que internas, com o risco da China", argumentou Quadros.
A desvalorização cambial foi um dos principais motores da inflação de dois dígitos registrada pelos índices de preços da fundação em 2015. O Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado nesta quinta-feira, 7, fechou o ano aos 10,70%, após alta de 3,78% em 2014. O resultado do ano passado foi o mais acentuado desde 2010, quando o IGP-DI ficou em 11,30%.
Em 2015, o real teve queda de quase 50% em relação ao dólar, lembrou Quadros. O encarecimento de insumos se refletiu diretamente nos preços do atacado, com algum repasse também no varejo. O consumidor pagou mais caro por produtos de limpeza e higiene, pão francês e óleo de soja, por exemplo.
Outro impacto relevante sobre a inflação do ano veio de problemas climáticos, que encareceram os produtos in natura. "O choque agrícola que tivemos agora nos produtos in natura no fim de ano vai continuar, porque é efeito climático, do El Niño", previu o superintendente do Ibre. "E há muitos reajustes que estão trazendo as perdas da inflação recente, contratos, indexadores, fenômenos que podem trazer essa inércia inflacionária agora no início do ano", acrescentou.
Quanto ao câmbio, Quadros aponta que o pico do repasse da valorização da moeda norte-americana para os preços ocorreu em outubro, com reflexos ainda em novembro. Em dezembro, houve esgotamento do fenômeno, o que resultou numa desaceleração forte da inflação do mês. O IGP-DI reduziu o ritmo de alta de 1,19% em novembro para 0,44% em dezembro.
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