Analistas que falaram com Barbosa temem guinada na política econômica
O analistas temem que Barbosa promova uma guinada na política econômica traçada no início do ano e buscaram ouvir dele mais detalhes da sua proposta.
Um dos temores, que ficou claro nas perguntas feitas ao ministro, foi com as receitas necessárias para garantir a meta fiscal de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Atingir a meta foi o primeiro compromisso assumido pelo novo ministro durante a entrevista coletiva que concedeu ao ter seu nome anunciado, na sexta-feira da semana passada.
Entre as cobranças dos investidores estava uma base sólida para as promessas que vem fazendo. O ministro foi questionado sobre como irá aprovar medidas no Congresso Nacional em meio à crise política e sobre a meta fiscal do próximo ano, que não foi aprovada nos termos que o governo pediu ao Congresso. O ministro tentou transmitir confiança.
Barbosa foi firme e disse que é possível tanto o cumprimento da meta de 2016 quanto a aprovação de matérias no Legislativo. O ministro chegou a citar 2015 como um ano difícil, mas com grandes aprovações.
Os analistas também concentraram suas perguntas na busca de mais informações sobre o compromisso do ministro com reformas, principalmente a da Previdência. Nelson reforçou que ela será prioritária, mas não aprofundou detalhes.
Outro ponto abordado foi o da regra do reajuste do salário mínimo. O mercado teme que o governo muda a regra prejudicando ainda mais as contas públicas. É que grande parte das despesas do governo está atrelada à correção do mínimo. Nelson garantiu que não haverá mudanças.
Sobre o BNDES, se comprometeu com estratégia do ex-ministro Joaquim Levy de acabar com os empréstimos do Tesouro Nacional.
"Ouvi mais elogios do que críticas em relação à fala do ministro, mas acho que o ceticismo do mercado e o estigma de ter sido o contraponto do Levy pesam muito contra nesse estágio inicial. Vai ter que conquistar a confiança passo a passo!", disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, um economista de um banco estrangeiro que participou da conferência.
Para ele, a única "vantagem" para o ministro é que as expectativas estão muito baixas. "Se conseguirem aprovar uma agenda fiscal mínima, será visto como grande vitória", disse ele.