Desastre da Samarco obriga Cenibra a suspender produção de celulose em MG
A Cenibra, controlada pelo grupo japonês JBP, repassa a maior parte de sua produção - de 1,2 milhão de toneladas por ano - para subsidiárias do conglomerado do qual faz parte. Hoje, a empresa representa cerca de 6,5% da produção nacional de celulose, que está em 16 milhões de toneladas ao ano. As líderes do mercado brasileiro são as gigantes Fibria e Suzano.
A paralisação da unidade da Cenibra vem em um momento em que o mercado de celulose, altamente exportador, lucra com a valorização do dólar. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que congrega as companhias do setor, o volume de vendas externas de celulose atingiu 7,5 milhões de toneladas entre janeiro e agosto, 8,6% mais do que em igual período de 2014. A receita em dólar subiu 2,3%, para US$ 5 bilhões - a grande diferença, porém, se dá quando o dinheiro entra no caixa das empresas, em real.
O desastre do rompimento da barragem da mineradora Samarco, que tem a brasileira Vale e a anglo-australiana BHP Billiton como sócias, deixou pelo menos seis mortos. Mais de 20 pessoas ainda estão desaparecidas. Com a contaminação do Rio Doce, a distribuição de água potável de diversos municípios de Minas Gerais foi afetada. O rompimento da barragem também vai reduzir a produção da Vale no Estado em 2015 e 2016.
Efeitos
A paralisação não programada da Cenibra, mesmo que seja curta, pode recompor preços da celulose no mercado internacional e aumentar a procura por papéis de Suzano e Fibria. Segundo o BTG Pactual, a fábrica da Cenibra representa 4% do mercado global de celulose fibra curta - no qual o Brasil é líder absoluto. Para fontes do setor, caso chuvas fortes atinjam a região nos próximos dias, o problema da contaminação do rio pode ser amenizado e a parada da Cenibra deve ser abreviada.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, estão previstas paralisações de manutenção em outras fábricas de celulose no País até o fim do ano, o que poderá ajudar a equilibrar os preços para o mercado chinês, que vinha reduzindo a demanda pelo produto. "Agora, pode até haver um aumento no início de dezembro", diz uma fonte do setor.
Em seu comunicado a clientes, o BTG também mencionou comentários de uma possível redução de preços na Ásia, mas frisou que, em sua opinião, a oferta de celulose no mercado continua apertada. Por isso, recomenda a compra de Fibria e da Suzano.
Os analistas do banco projetam que o preço da celulose de fibra curta chegará a US$ 750 por tonelada na Europa em 2016.
Fibria
Outra unidade produtora de celulose no Espírito Santo, que pertence à Fibria, corre risco de ser afetada pelo rompimento da barragem. A unidade que produz 2,3 milhões de toneladas do produto ao ano, quase o dobro da capacidade da Cenibra. A fábrica é abastecida pelo Rio Riacho, conectado ao Rio Doce.
A empresa informou que está acompanhando a situação, ressalvando que tem um reservatório que permite o abastecimento da unidade por cem dias - que, por enquanto, ainda não precisou ser utilizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.