Ministra das Finanças da Ucrânia pressiona credores por reestruturação da dívida
Nascida nos Estados Unidos, a ministra ucraniana afirmou em entrevista que, se os credores não comparecerem e começarem a realizar negociações transparentes sobre a dívida antes do prazo para um acordo, no fim de maio, eles podem enfrentar uma série de riscos para a estabilidade ucraniana. Ela apontou que há potencial para uma maior deterioração da economia ucraniana, para mais conflitos entre Kiev e os separatistas apoiados pela Rússia, ou ainda para a possibilidade do Parlamento se mostrar reticente em pagar dívidas acumuladas durante o governo do foragido ex-presidente Viktor Yanukovich. "Eles não estão entendendo, primeiro de tudo, a profundidade da tensão econômico-financeira ocorrendo hoje no país", afirmou ela.
Se a situação na Ucrânia piorar, disse Jaresko, poderiam aumentar os pedidos por pagamentos da dívida pendente do país, um passo que o governo não gostaria de tomar. Segundo ela, esse tema é alvo de muitas discussões no Parlamento e uma perspectiva "um tanto populista" entre certos grupos do Parlamento afirma que essa dívida não deveria ser saldada nunca. "Este é um dos riscos que os credores devem levar em conta."
Em visita a Washington para o encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI), a ministra disse que teve medidas construtivas com credores individuais, mas pode negociar efetivamente apenas a reestruturação da dívida com um grupo definido.
Em março, o FMI aprovou um pacote de ajuda de US$ 17,5 bilhões em empréstimos para a Ucrânia ao longo de quatro anos. O país precisará, porém, de mais financiamento internacional, além de reestruturar sua dívida, a fim de atingir suas necessidades totais de financiamento, estimadas pelo FMI em US$ 40 bilhões ao longo desse período. A Ucrânia também negocia swaps cambiais com outros países para ajudar na sua liquidez, e pode anunciar novos acordos com países europeus nessa frente ainda nesta semana, segundo a ministra.
Em um sinal preocupante para a dívida ucraniana, os detentores de US$ 750 milhões da dívida do State Export-Import Bank of Ukraine não chegaram a um acordo sobre a extensão do prazo da dívida em três meses, anunciou o banco hoje. Os detentores dos bônus terão ainda mais uma chance de concordar com a ampliação do vencimento antes de o bônus vencer mais tarde neste mês, o que poderia levar a um default. "Um default técnico não afetará de nenhuma maneira as operações do banco", afirmou Jaresko.
O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, ameaçou nesta terça-feira levar Kiev a uma arbitragem, caso o governo ucraniano não pague a tempo US$ 3 bilhões. A Ucrânia considera a dívida russa parte do pacote que precisa ser reestruturada com os outros credores.
Jaresko pinta um cenário sombrio em parte para forçar os credores a negociar, mas disse que as reformas exigidas pelo FMI estão acontecendo, apesar da expectativa de contração econômica de mais de 7% no primeiro trimestre no país. Kiev aprovou leis para combater a corrupção e elevou o preço que os consumidores pagam pelo gás natural, a fim de reduzir os subsídios pagos pelo governo no combustível. Fonte: Dow Jones Newswires.