Selic: falta de termo em nota deixa cenário indefinido
20:20 | Set. 03, 2014
A opção do BC pela estabilidade se dá em um quadro de recessão técnica, com dois trimestres seguidos de retração econômica, e inflação ainda em patamar elevado em 12 meses, no teto da meta perseguida pelo BC de 6,5%. O veredicto do colegiado, dado esta noite, foi mais uma vez unânime e seguiu à risca o script aguardado pelo mercado financeiro. As 84 instituições consultadas pelo AE Projeções projetaram que a taxa ficaria inalterada nesta reunião. O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcado para 28 e 29 de outubro, logo após o segundo turno das eleições.
O comunicado divulgado pelo grupo após a decisão foi o seguinte: "Avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11,00% a.a., sem viés."
Com a retirada da expressão, o BC deixa claro que o momento é de esperar para ver os próximos desdobramentos econômicos. A instituição se fia, por exemplo, em algum progresso na área de crédito que possa surgir com as medidas determinadas ao final de julho e também no início de agosto. A autarquia desmontou todo o arsenal macroprudencial construído em dezembro de 2010. Fez ajustes no recolhimento do compulsório, que é uma reserva que os bancos precisam deixar no BC, e até determinou para essas instituições, de maneira informal e por meio de ferramentas técnicas, uma meta de crescimento de 20% do crédito para automóveis em relação ao primeiro semestre de 2014.
A reunião desta noite tornou-se, então, a quarta seguida em que o juro está no patamar de 11%. A última vez que isso ocorreu foi de outubro de 2012 a março de 2013, quando a Selic ficou estacionada em 7,25% ao ano. Pelo levantamento feito pelo AE Projeções, será um longo caminho que a Selic percorrerá no atual patamar. Para 73 de 80 instituições financeiras, este ano se encerrará com a taxa em 11% - as demais acreditam em alguma alta (de diferentes magnitudes) até dezembro.