Um novo banco mundial nasce hoje em Fortaleza
Chefes de estados de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul estão em Fortaleza desde ontem. Hoje, eles se encontram no Centro de Eventos do Ceará, onde nascerá o Banco dos Brics
08:49 | Jul. 15, 2014
Um Banco Mundial nasce hoje em Fortaleza, na VI Cúpula dos Brics – que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No Centro de Eventos, os chefes de estado dos cinco países assinarão, formalmente, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Do evento, também sairá o Arranjo Contingente de Reservas (CRA).
As instituições, conforme o Itamaraty, funcionarão à semelhança do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O objetivo do CRA, que deve ter capital de US$ 100 bilhões, é ajudar países com dificuldades no balanço de pagamentos. O NBD financiará projetos de infraestrutura - com capital inicial de US$ 10 bilhões, que deve chegar a US$ 50 bilhões e alcançar US$ 100 bilhões por meio de captações – conforme o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Ele também diz que o Banco não se restringirá aos cinco países, que manterão o controle do NBD. Segundo o ministro, a instituição terá classificação de risco muito elevada para captar recursos. A sede da instituição, ainda sem confirmação, deve ficar na China. O Brasil quer a presidência, que será rotativa com gestões de cinco anos.
Ambas as instituições são passo importante para a economia mundial, representando a primeira formalização do grupo dos emergentes. Essa perspectiva foi apontada pelo presidente russo Vladimir Putin ontem em Brasília. “Acho que chegou a hora de elevar o papel do Brics a outro nível, fazer com que a nossa união se torne uma parte integral do sistema da governança global nos interesses do desenvolvimento sustentável”, disse em entrevista antes de embarcar para Fortaleza.
Empresários
O presidente do conselho empresarial do Brics para o Brasil, Rubens De La Rosa, afirmou ontem no evento que o Banco deve facilitar as transações entre os países membros. Isso porque ele espera que, além de financiamentos, o banco permita a troca direta de moedas. Ou seja, numa transação entre Brasil e Rússia, por exemplo, os reais possam ser trocados por rublos (moeda russa) sem que seja preciso a conversão em dólar. “Se todas essas trocas de moedas entre os cinco países for diretas, isso baratearia também os custos de transação”.
Nas palavras do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, o banco vai estimular o investimento das empresas brasileiras no exterior. Segundo Robson, é muito difícil para qualquer empresa investir no exterior, simplesmente com seus próprios recursos.”Esse mecanismo vai ser fundamental para aumentar o número de empresas brasileiras com investimento lá fora”, afirma.
O sul-africano Dirushen Pillay, diretor de vendas da Land & Sea Shipping (África do Sul), ressalta que o banco aumenta a disponibilidade de recursos para os cinco países, sem a necessidade de recorrer à Europa e aos Estados Unidos. “Isso aumenta consideravelmente a força do grupo”. (Colaboraram Flávia Oliveira, especial para O POVO, e Beatriz Cavalcante)
NÚMEROS
100
bilhões de dólares é a quanto deve chegar o Banco dos Brics, com captação externa
Programação
VI Cúpula dos Brics
Hoje, no Centro de Eventos do Ceará
A partir das 10h: chegada de chefes de estado ao Centro de Eventos
Das 10h às 10h30min: Dilma Rousseff cumprimenta chefes de estado
10h30min: primeira sessão de trabalho da cúpula
12h30: foto oficial
Almoço
15h: assinatura de atos, seguidos de discursos dos chefes de estado
16h: show cultural
18h: partida para Brasília
EVENTO
Fórum empresarial dos Brics
1) Mesa de abertura do Conselho Empresarial dos Brics, composta pelos presidentes do órgão nos cinco países, além dos presidentes da CNI e da Fiec. 2) Para os empresários, o evento é oportunidade para fazer networking 3) A CNI estima que 700 empresários participem do evento em Fortaleza