O futuro da economia traçado em Fortaleza
A 6ª Cúpula dos Brics, que será sediada em Fortaleza, irá traçar uma nova etapa, que terá, possivelmente, como marco a criação do Banco dos Brics. O POVO entrevistou especialistas para saber o que eles pensam sobre esse novo caminho
00:30 | Jul. 14, 2014
“Mesmo que ainda não haja um grupo econômico formalizado, o evento é extremamente importante porque está decidindo assuntos mais homogêneos, de captação, como o Banco dos Brics e seu arranjo internacional, além de aprofundar a discussão sobre a moeda local que terá relação com o mercado internacional”, afirma o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Henrique Marinho.
Para o Ceará, na visão de Henrique, trata-se de um marco, pois estará recebendo um evento de grande porte, onde empreendedores locais terão contato com importantes empresários de grandes potências, como China. “O Estado já provou que é capaz de sediar um grande evento de lazer e turismo, que é a Copa do Mundo. Agora, o Ceará será testado para o turismo de negócio”, diz.
O professor especialista em relações internacionais da Mackenzie, Francisco Américo Cassano, ressalta que, em meio a este novo panorama, o Banco dos Brics, que será o marco da institucionalização do grupo, apresenta-se como uma alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial (BIRD), possibilitando maior independência e facilidade de crédito em moeda de aceitação universal (US$).
No entanto, o professor adverte que há obstáculos dentro dessa estruturação. “Ocorre que as instituições tradicionais (FMI e Bird) são rigorosas na concessão de crédito, pois se compõem de recursos dos próprios países membros. Dessa forma, têm que zelar por esses recursos e estabelecem regras e imposições duras a fim de garantir o retorno dos recursos concedidos aos países necessitados”, explica.
Cassano analisa que, se o Banco dos Brics adotar postura mais flexível, correrá o risco de perder recursos ao longo do tempo e os países membros terem que socorrer o banco continuadamente. “Isso, na prática, não é um bom negócio”, comenta. Segundo o especialista, as tensões entre os países membros e o resto do mundo existem. Elas estão entre a Rússia e a Ucrânia, ou na China, em guerra comercial com outras potências, por exemplo.
“As economias mais avançadas passaram a buscar novos caminhos alternativos, onde o baixo custo de produção ganha mais destaque. É nesse cenário que a China começa a despontar como economia expoente”, define. De acordo com Cassano, países com mercados mais dinâmicos, produção mais competitiva, tornam-se atraentes.
“A ampliação do comércio internacional é decorrência desse novo ciclo. Países com maior população e maior capacidade de produção se tornam mais atraentes e, nessa linha, se transformam em emergentes, como ocorre com Brasil, Índia, Rússia e África do Sul”, especifica.
O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Roberto Feldmann, acredita que o fato novo é o crescimento dos países emergentes, mas reforça que essa qualidade extrapola as fronteiras dos Brics. “Há outros países muito importantes como México, Turquia, Indonésia e Polônia que apresentam grande potencial”.
NÚMERO
42
porcento da população mundial está nos Brics