Augustin diz que governo está comprometido com crédito
17:10 | Jun. 06, 2014
Augustin fez as declarações ao ser questionado pela imprensa depois de sua participação no fórum organizado pelo El País em Porto Alegre. Um pouco antes, em sua apresentação no mesmo seminário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dirigiu diretamente ao secretário na plateia ao fazer diversos comentários sobre política econômica. Sempre em tom de brincadeira, Lula disse que Augustin teria que explicar um dia a ele por que o crédito estava sendo "barrado no Brasil" se o País não tinha inflação de demanda. Em outro momento, falou que o pensamento de "tesoureiro" de Augustin impedia a concretização de certas medidas mais ousadas no Brasil.
Augustin afirmou que é preciso dar condições de financiamento para a economia brasileira que permitam a continuidade de uma situação de emprego que não foi tão afetada pela crise internacional, se comparada a outros países.
Segundo Augustin, o governo brasileiro sabe que é importante prover crédito às empresas e às pessoas, e por isso o Banco Central tem uma determinada política monetária que corresponde ao nível de crédito que se entende adequado a cada momento. "Esse é um processo sempre com ajuste. As próprias mudanças na política monetária são previstas, com prazo definido, e elas significam injeção maior ou menor de crédito, para que você olhe de um lado o efeito no emprego, na atividade econômica, e de outro o efeito nos preços."
Ele ponderou, no entanto, que o mecanismo de liberação de crédito não depende somente da vontade do governo, sendo definido conforme as regras existentes no País. "O Brasil é um dos países que tem o crédito mais seguro, o sistema financeiro mais sólido. Já estamos trabalhando com o regramento de Basileia, portanto o Brasil tem totais condições de continuar provendo o crédito com segurança, que é o que vem sendo feito", revelou.
PIB
Augustin disse que este ano o governo está sempre revendo suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), procurando adequá-las ao momento vivido pelo País. "Tivemos um início de ano da economia mundial crescendo bem menos do que a gente esperava. Isso é real. Havia uma expectativa principalmente do FMI de que alguns países tivessem um crescimento mais forte, e infelizmente (a economia mundial) parece que não está com o vigor que se gostaria", disse.
Ao ser perguntado sobre se o governo brasileiro ainda trabalha com a estimativa de 2,5% de expansão para 2014 - enquanto o mercado espera algo em torno de 1,5% -, Augustin desconversou dizendo que, no ano passado, os analistas também trabalhavam com previsões bem menores do que 2,5%. "É normal que haja projeções diferentes. No ano passado o Brasil cresceu 2,5%. Não era o que a maior parte desses analistas que hoje veem hoje a coisa complicada, com pessimismo, achavam que ia acontecer", revelou.
Sobre o fato de o próprio Banco Central, na última ata do Copom, ter sinalizado que espera uma expansão da economia inferior à de 2013, o secretário afirmou que, ao fazer a análise de política monetária, o BC considera o nível de atividade que está "enxergando", e usa muito as projeções do próprio mercado para fazer esta análise. "Na verdade não é uma projeção específica de crescimento. É um insumo para a definição da política monetária", disse.