Geração de emprego continuará fraca, prevê FGV

13:00 | Mai. 08, 2014

A geração de emprego vai continuar fraca nos próximos meses, embora a taxa de desocupação permaneça em níveis baixos, avaliou nesta quinta-feira, 8, o economista da área de Pesquisa Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando de Holanda Barbosa Filho. O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que antecipa os rumos do mercado de trabalho de acordo com as percepções de empresários e consumidores, caiu 3,2% em abril ante março, o que reforça a tendência de desaceleração.

"Tirando julho do ano passado (período logo após as manifestações), é o pior nível do IAEmp desde 2009", disse Barbosa Filho. "O empresário brasileiro sempre é otimista no início de ano, mas neste ele já aprendeu que está pior", acrescentou.

Segundo o economista, os dados do indicador são coerentes com a geração cada vez menor de vagas apontada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, último dado disponível, o crescimento já era nulo se comparado a igual mês de 2013.

Por outro lado, o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que mostra a percepção dos consumidores sobre a situação atual do mercado de trabalho, aumentou 2,8% em abril. Quando o dado apresenta avanço, significa deterioração, explicou Barbosa Filho. "O ICD está estabilizado em um nível um pouco mais alto do que no ano passado. Mas essa elevação ainda não se mostrou no indicador da PME por conta da saída das pessoas do mercado de trabalho", disse o economista.

Em março, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do País ficou em 5,0% da População Economicamente Ativa (PEA), contra 5,7% em igual mês de 2013.

"A mensagem é desanimadora no momento. Os sinais mensais são para desaceleração forte (do crescimento) da população ocupada", disse Barbosa Filho. Ele não descarta a chance de haver, em 2014, uma retração na população ocupada medida pela PME, o que significaria extinção de postos de trabalho nas regiões pesquisadas. No ano passado, o crescimento de 0,7% já foi o menor de toda a série.

Barbosa Filho ressaltou, porém, que a desaceleração é mais intensa na PME do que na Pnad Contínua, nova pesquisa de emprego do IBGE, com abrangência nacional. Os dados da Pnad Contínua indicam que a geração de vagas é mais dinâmica no restante do Brasil, a despeito da taxa de desemprego um pouco mais elevada (7,1% em 2013, contra 5,4% segundo a PME). Além disso, o período da Copa e das eleições deve interferir na criação de empregos temporários, prevê o economista. Ele acredita que a taxa de desemprego nestas épocas deverá cair em função desse efeito.