Empresários criticam plano para governo subir impostos
23:20 | Mai. 05, 2014
"É como jogar um balde de gelo na confiança do investidor, do empresário e da população. Uma questão básica para se investir ou comprar é a confiança, e uma declaração desse nível piora as coisas", destacou o presidente da Lojas Renner, João Galló, em referência à entrevista concedida por Mantega ao jornal "O Globo". "É algo que está na contramão de onde o Brasil precisa ir. Precisamos de produtividade e eficiência", completou.
Na visão dos executivos, a carga tributária do Brasil já atingiu seu limite, por isso o governo deveria melhorar a situação das contas por meio de corte de custos e estímulos ao investimento. Tal medida poderia trazer, no futuro, divisas para a União, ajudando assim no objetivo de cumprir a meta de superávit fiscal. Para 2014, essa meta é de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
"A carga tributária do Brasil já está no limite", disse o presidente do Grupo EcoRodovias, Marcelino Seras, durante evento realizado pelo jornal "Valor Econômico" na capital paulista. Apesar de se dizer um otimista com a economia do País em 2014, Seras reconhece o baixo crescimento do PIB nacional e alerta que o País precisa implementar reformas estruturantes e atacar a carência de infraestrutura logística para que seus produtos sejam competitivos no mercado internacional.
Mesmo que os impostos sejam dirigidos ao segmento de bens de consumo, o aumento tributário vai afetar negativamente a economia como um todo, alerta o diretor-presidente da WEG, Harry Schmelzer Jr. "Aumento de imposto impacta qualquer empresa do País porque tira o poder de compra do consumidor", disse. De acordo com ele, o governo precisa aumentar a produtividade da máquina pública. "O governo precisa crescer com produtividade", afirmou. "Aumento de tributos é maléfico a uma economia que quer crescer", completou o empresário.
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, alerta para a necessidade de o governo brasileiro ajustar suas contas, mas faz ponderações em relação à possibilidade de aumento da carga tributária. "Acho que temos sim que buscar um equilíbrio fiscal melhor, isso é algo absolutamente prioritário para o País. Mas aumentar impostos não é o ideal. O melhor é (alcançar o equilíbrio fiscal) via redução de gastos", salientou Setubal.
Para Laércio Cosentino, presidente da Totvs, o principal efeito do aumento da carga tributária é a diminuição dos investimentos por parte das empresas. Ele explica que a Totvs serve seus clientes com ferramentas que proporcionam maior produtividade e que o aumento de impostos compensa todo esse ganho de competitividade. "Toda vez que o cliente se torna mais competitivo, todo esse ganho se vai com um aumento de impostos", disse.
O êxito obtido pelo governo federal em setores beneficiados com a redução de impostos, como a indústria de informática, mostra que o caminho de aumento da carga tributária não é apropriado, relembra o presidente da Positivo Informática, Hélio Rotenberg. "Nosso setor é um setor bastante beneficiado por parte do governo federal, e acho que isso foi uma política que deu muito certo. O governo deveria aprender com o que aconteceu. Com a desoneração, arrecadamos mais do que arrecadávamos antes", lembrou o executivo, após elencar uma série de medidas federais de estímulo à indústria da informática.