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Aberdeen mira fundações e investimentos no exterior

08:40 | Mai. 11, 2014
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A escocesa Aberdeen, que está prestes a se lançar como gestora de recursos de brasileiros, está se preparando nomepara não perder o momento em que os fundos de pensão estão mirando investimentos no exterior e já planeja abrir um fundo 100% alocado fora da fronteira brasileira. "Existe uma frustração por parte dos fundos de pensão por não ter veículos suficientes para se investir. Esperamos lançar nosso produto até o fim do ano", afirmou George Kerr, diretor de desenvolvimento de negócios da Aberdeen, em entrevista ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado.

Enquanto os fundos globais geridos localmente não chegam à prateleira da gestora, dois produtos locais serão lançados em breve e marcarão a estreia da asset na gestão de recursos de brasileiros: um de ações long only e um multimercado balanceado. A Aberdeen está no Brasil desde 2009 quando Nick Robinson, head of Brazilian equities, veio ao País montar o escritório da gestora, em São Paulo. Até aqui, o trabalho era estruturar o fundo Brasil oferecido no exterior, assim como a participação de Brasil dos fundos 'Latam' (da região da América Latina) e também o global.

"Estamos investindo nas empresas brasileiras há 20 anos e sabemos que é melhor se ter escritórios onde investimos e tínhamos muito investimento no Brasil", disse Robinson, destacando que esse movimento aconteceu em outros países que foram se tornando relevantes no portfólio da Aberdeen. O caminho, explicou, vem sendo esse: depois da abertura da base local e maior conhecimento no mercado, vem o lançamento de produtos para os investidores locais, fase que a unidade brasileira vive hoje. Hoje, a Aberdeen possui US$ 13 bilhões alocados no mercado brasileiro.

No momento, a gestora procura manter conversas com os fundos de pensão, para conseguir lançar o produto mais apropriado para atender os anseios das fundações, que estão observando o mercado buscando oportunidades para diversificar regionalmente. Um dos desafios para trazer as fundações para esses investimentos 100% no exterior é que, pelas regras, elas não podem ter uma participação superior a 25% do patrimônio de um fundo com esse perfil. Na prática, isso significa que um fundo de investimento no exterior voltado para fundos de pensão precisa reunir quatro participantes na mesma estratégia.

"Não é algo simples. Um (fundo de pensão) quer investir em private equity, outro em fundo de fundos, outro em dividendos, outro quer investir na Ásia, outro não. Se você fala com 20 (fundos), há 20 demandas. É preciso, então, criar o produto certo, para o público certo", disse. A percepção, destaca Kerr, é de que o maior interesse notado é por 'equities' em mercados desenvolvidos.

"Eles querem diversificar", destaca. Kerr, que veio da Claritas, foi contratado pela Aberdeen em novembro do ano passado e tem trabalhado, desde então no desenvolvimento dos produtos. Assim, a Aberdeen trabalha para expandir a sua atuação no Brasil. "O Brasil é um País interessante, com uma classe média que está crescendo. Nós não estamos muito preocupados com o estado da economia no curto prazo. O Brasil tem muito potencial e queremos ser um gestor aqui quando o Brasil voltar a crescer mais", disse Robinson.

Na carteira da Aberdeen estão hoje de 20 as 25 empresas. A média, conforme contou Kerr, é que anualmente duas empresas saiam desse rol, para a entrada de outras duas. "Hoje há 35 a 40 empresas que passam em nosso crivo", disse. A decisão entre as que ficam de fora da carteira é, essencialmente, preço, explica.

No Brasil, a Aberdeen possui participação relevante em nove companhias. Robinson explica que isso acontece porque no momento em que uma empresa é eleita para ingressar em seu fundo, ela acaba entrando em diversos fundos geridos pela gestora globalmente, o que acaba elevando, assim, o porcentual de sua participação.

"No global equities temos três empresas brasileiras, no emerging markets há sete. Mas para nós, que temos uma estratégia de longo prazo, com proximidade com as administrações (das empresas), preferimos ter mais do que menos: porque assim temos mais uma forma de se melhorar os retornos para os clientes, porque é possível atuar na empresa para melhorar a governança", diz.

"Passar de 10% (de participação) de uma empresa é uma decisão relevante, precisa estar muito confortável", diz Kerr. No Bradesco e Ultrapar, por exemplo, a Aberdeen é acionista há dez anos. "Sempre nos perguntam se estamos otimistas ou pessimistas com o Brasil e a resposta é que estamos otimistas com as empresas que a gente investe hoje", diz. Hoje, a Aberdeen possui participação de cerca de 18% na Wilson Sons, 18% nas Lojas Renner, 10,8% na Ultrapar, 10,3% no Bradesco e 14,3% na Arezzo, por exemplo.

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