As religiões mais antigas do mundo: raízes da espiritualidade humana
Desde a Mesopotâmia até as civilizações mesoamericanas, a história das religiões revela como ser humano buscou compreender o sagrado e dar sentido à vida
20:43 | Jan. 21, 2025
A presença da religião nas culturas mais antigas do mundo demonstra que a conexão com o sagrado é tão antiga quanto a própria história da humanidade. Apesar de não se saber exatamente quando surgiu o conceito de religião, registros de práticas religiosas remontam a 3500 a.C. na Mesopotâmia, como aponta a World History Encyclopedia.
As primeiras crenças surgiram como respostas aos fenômenos naturais e ao caos do universo. Muitas dessas religiões eram politeístas, com deuses ligados a diferentes esferas da vida, como a fertilidade, o clima e a guerra.
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Religião na Mesopotâmia: ordem contra o caos
A religião mesopotâmica, uma das mais antigas do mundo, floresceu por volta de 3500 a.C. na região onde hoje se localizam o Iraque e partes do Irã, Jordânia e Síria. Essa cultura desenvolveu crenças politeístas que explicavam a origem do mundo e davam sentido aos fenômenos naturais. Para os mesopotâmicos, os seres humanos eram colaboradores dos deuses no combate ao caos.
Mitos como o de Marduk, que derrotou Tiamat para criar o mundo, destacavam o papel das divindades na manutenção da ordem cósmica. Além disso, a adoração a Inanna, deusa do amor, guerra e fertilidade, demonstra como a religião era intrinsecamente ligada à vida cotidiana e às forças da natureza.
Os rituais religiosos eram realizados em zigurates, grandes templos que simbolizavam a conexão entre o céu e a terra. Cada cidade possuía uma divindade protetora, reforçando a relação entre religião e organização social.
A adoração a deuses como Marduk, Enlil e Ishtar influenciou não apenas a espiritualidade mesopotâmica, mas também as crenças de civilizações vizinhas. Apesar da fragmentação dos impérios mesopotâmicos ao longo do tempo, suas práticas religiosas deixaram um legado duradouro nas tradições espirituais do Oriente Médio.
Religião no Egito Antigo: a magia e a vida eterna
Desde 3000 a.C., a religião no Egito Antigo era uma parte inseparável da sociedade, combinando magia, mitologia e espiritualidade. Os egípcios acreditavam que o faraó era um intermediário entre os deuses e a humanidade, o que justificava sua autoridade política e espiritual.
Monumentos como as pirâmides eram construídos para assegurar a vida eterna do faraó no além, evidenciando a importância da vida após a morte. Osíris, o deus dos mortos, e sua esposa Ísis eram figuras centrais na crença egípcia, simbolizando a renovação e a proteção.
A religião egípcia era profundamente ritualística, com cerimônias dedicadas a honrar as divindades e garantir o equilíbrio cósmico, conhecido como maat. Deuses como Rá, o Deus do Sol, eram venerados como forças criadoras e sustentadoras da vida.
Com o declínio do Império Egípcio, a adoração de algumas divindades, como Ísis, ultrapassou fronteiras e influenciou outras culturas, demonstrando o impacto duradouro dessa religião antiga na história espiritual da humanidade.
Hinduísmo: a mais antiga ainda em prática
O Hinduísmo, originado por volta de 2300 a.C., é considerado a religião mais antiga ainda praticada. Também conhecido como Sanatana Dharma, ou “caminho eterno”, ele se desenvolveu inicialmente na região que hoje corresponde à Índia e ao Paquistão.
Diferente de outras religiões da Antiguidade, o Hinduísmo é henoteísta, acreditando em um deus supremo, Brahma, cujos aspectos se manifestam em várias divindades, como Vishnu e Shiva. Seus textos sagrados, como os Vedas e Upanishads, servem como base filosófica e prática para seus adeptos.
O Hinduísmo é também profundamente ligado à vida social e cultural, com rituais diários, festivais e práticas espirituais que permeiam a vida dos devotos. Essa religião enfatiza o ciclo de nascimento, morte e renascimento, conhecido como samsara, e a busca pela libertação espiritual, o moksha.
Com o passar dos séculos, sua influência se expandiu para outras regiões do mundo, tornando-se uma das religiões mais praticadas globalmente.
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Zoroastrismo: o monoteísmo da Pérsia
O Zoroastrismo emergiu no antigo Império Persa entre 1700 e 1000 a.C., fundamentado nos ensinamentos do profeta Zaratustra (ou Zoroastro). Ele introduziu a crença em Ahura Mazda, um deus supremo criador do universo, substituindo o antigo panteão politeísta.
A religião zoroastriana é marcada por uma visão dualista, na qual as forças do bem e do mal estão em constante conflito. Ahura Mazda representa a luz e a ordem, enquanto Angra Mainyu, o espírito maligno, simboliza a escuridão e o caos.
Essa dualidade influenciou diretamente o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, especialmente em conceitos como o julgamento final e a luta entre o bem e o mal.
Apesar de sua relevância histórica, o Zoroastrismo perdeu espaço com a chegada do Islamismo no Irã, mas ainda é praticado por comunidades pequenas em países como Índia e Irã, preservando suas tradições milenares.
Religiões dos maias e astecas: o ciclo da vida e da morte
Os maias, uma das grandes civilizações da Mesoamérica, desenvolveram uma religião rica e complexa em torno de 700 d.C. Eles acreditavam em mais de 250 divindades que influenciavam aspectos como colheitas, clima, nascimento e morte.
Os deuses maias eram vistos como parte de um ciclo contínuo de vida e transformação, conceito que também permeava suas crenças sobre a vida após a morte. Cerimônias elaboradas, incluindo sacrifícios, eram realizadas para honrar os deuses e garantir a prosperidade da comunidade.
Outras civilizações mesoamericanas, como os astecas, compartilharam crenças semelhantes. Os rituais religiosos eram marcados por celebrações que continuam influenciando tradições contemporâneas, como o Dia de los Muertos. Essas religiões reforçam a relação entre espiritualidade e natureza, característica central das civilizações pré-colombianas.
Religiões da Grécia e de Roma: mitologia e devoção
A religião grega, originada por volta do século 9 a.C., influenciou profundamente a espiritualidade do Mediterrâneo. Com deuses como Zeus, Atena e Poseidon, os gregos buscavam respostas para questões da natureza, política e vida cotidiana.
A religião estava intrinsecamente ligada à mitologia, mas também tinha uma dimensão prática, como a construção de templos e a realização de festivais religiosos.
O Império Romano adotou grande parte das crenças gregas, dando novos nomes às divindades e moldando sua religião de acordo com as necessidades do Estado.
Enquanto os gregos valorizavam a conexão individual com os deuses, os romanos acreditavam que a estabilidade da sociedade dependia da adoração coletiva e da participação em rituais públicos. A influência dessas religiões é sentida até hoje, especialmente na arte, literatura e filosofia ocidentais.