Cérebro Podre? Descubra o significado do termo eleito "palavra do ano" pelo Dicionário Oxford
"Brain rot", a palavra do ano, foi usada pela primeira vez no século 19 e, hoje em dia, ganhou um significado relacionado às redes sociais. Entenda;
15:11 | Dez. 06, 2024
Sabe aquele cansaço mental que dá depois de ficar horas e horas consumindo conteúdos na internet? Esta sensação se chama "brain rot", termo que significa "cérebro podre" ou "podridão cerebral", em tradução livre para o português.
O termo foi eleito como "palavra do ano" de 2024 pelo Dicionário Oxford. Segundo os organizadores do tomo, esse desgaste mental ou intelectual é resultado de um consumo excessivo de conteúdos on-line pouco desafiadores ou triviais para o internauta, especialmente nas redes sociais.
Confusão mental, letargia, redução da capacidade de atenção são sintomas de "brain rot", que ainda pode ocasionar dificuldade do cérebro em organizar e reter informações, resolver problemas, lembrar de informações e até de tomar decisões.
Por que "brain rot" foi escolhida como palavra do ano pelo Dicionário Oxford?
A escolha da palavra do ano do Dicionário Oxford é feita através de votação popular. Neste ano, o termo "Brain rot" recebeu mais de 37 mil votos. O uso do termo aumentou 230% entre 2023 e 2024.
A expressão também cresceu em importância, por capturar as preocupações sobre os efeitos do consumo exagerado de conteúdos considerados de baixa qualidade, principalmente nas redes sociais.
O primeiro regsitro do vocábulo remonta ao ano de 1854, no livro "Walden", do filósofo estadunidense Henry David Thoreau (1817-1862). Na obra, Thoreau descreve experiências da vida simples longe do meio urbano.
Ele conclui que a sociedade tende a desvalorizar ideias complexas que podem receber diversas interpretações, optando, assim, pelo simplório. Para o filósofo, esta ação soa como um indicativo de um declínio no esforço mental e intelectual.
Conforme divulgado pelo portal do Dicionário Oxford, entre as pessoas nascidas a partir do ano de 1995 (Geração Z e Geração Alpha), o termo "brain rot" ganhou um significado atrelado aos impactos negativos do consumo em demasia de produções no meio virtual, com ênfase nas redes sociais.
Como reconhecer que estou sendo afetado pelo "brain rot"?
Segundo artigo publicado pelo , a "podridão cerebral" advém da superestimulação do cérebro ocasionada pelo uso excessivo de tecnologia. Destinar muito tempo às redes sociais pode ser uma das causas do "brain rot".
Ainda segundo o instituto, o uso por tempo prolongado de redes sociais aumenta a produção cerebral de dopamina, um neurotransmissor que gera sensações de prazer e satisfação. O cérebro associa a rolagem de telas a uma espécie de "gorjeta", produzindo ainda mais dopamina.
Para além das redes sociais, o "brain rot", pode ser causado pelo consumo compulsivo de videogames e pelo "doomscrolling", que se trata da procura constante por notícias negativas.
Pessoas acometidas pelo "doomscrolling" tem o desejo voraz de estar informadas com o que há de mais recente, em especial quando são notícias perturbadoras ou com temáticas sensíveis, como crimes brutais.
Como evitar o cérebro podre e os sintomas do "brain rot"?
O Newport Institute defende que haja um limite para o tempo de tela, principalmente entre crianças, adolescentes e jovens adultos. Uma das recomendações é o desligamento das notificações em aparelhos eletrônicos, especialmente o celular pessoal.
Em entrevista ao O POVO em março de 2024, o dr. Eduardo Jucá, neurocirurgião pediátrico do , em Fortaleza, defende que telas não devem ser utilizadas em momentos anteriores ao sono.
A luz liberada pelos dispositivos eletrônicos bloqueia a liberação de melatonina, o hormônio do sono. Em crianças, a claridade das telas estimula o crescimento dos olhos, podendo ocasionar miopia.
Eduardo Jucá salienta ainda que atividades ao ar livre são essenciais, em especial na rotina de crianças e jovens, bem como momentos de interação com outras pessoas, estimulando a sociabilidade. Tais fatores geram benefícios em qualquer fase da vida.
Descobrir um hobby, ouvir música, tocar um instrumento e aprender um novo idioma estão entre as práticas que fortalecem o cérebro e afastam a sensação de que ele está "derretendo".
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De "brain rot" à "selfie" e "sudoku": confira as palavras do ano escolhidas pelo Dicionário Oxford
Desde 2004, a Oxford University Press, editora que publica o Dicionário Oxford, anuncia anualmente a Word of The Year (WOTY), ou palavra do ano. A WOTY não precisa ter sido necessariamente cunhada no dicionário no ano corrente, mas deve ter ganhado notoriedade nos últimos 12 meses.
- 2024: Brain rot (podridão cerebral)
- 2023: Rizz
- 2022: Goblin mode (modo duende)
- 2021: Vax (vacina)
- 2020: nenhuma palavra escolhida
- 2019: Climate emergency (emergência climática)
- 2018: Toxic (tóxico)
- 2017: Youthquake (terremoto da juventude)
- 2016: Post-truth (pós-verdade)
- 2015: Emoji
- 2014: Vape
- 2013: Selfie
- 2012: Omnishambles (desordem geral)
- 2011: Squeezes middle (meio espremido)
- 2010: Big society (grande sociedade)
- 2009: Simples
- 2008: Credit crunch (crise de crédito)
- 2007: Carbon footprint (pegada de carbono)
- 2006: Bovvered (curvado)
- 2005: Sudoku
- 2004: Chav (termo pejorativo que descreve um jovem antissocial que veste roupas esportivas)